14 maio 2025
Senadores baianos aliados do presidente Lula atuaram nos bastidores da sessão do Tribunal de Contas da União (TCU) que livrou o ex-secretário-executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Eduardo Gabas, de uma investigação sobre a compra de 300 respiradores no valor de R$ 48 milhões durante a pandemia de Covid-19. A informação é do jornal O Globo.
Segundo reportagem, esses parlamentares chegaram a ligar para integrantes da Corte intercedendo por Gabas, que é aliado próximo do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Na época da compra dos respiradores, Rui era governador da Bahia e presidia o Consórcio do Nordeste.
A sessão no TCU, conforme relata O Globo, foi marcada por forte tensão e terminou com placar de 5 a 3 a favor de arquivar o pedido de investigação, que havia sido feito pelo ministro Jorge Oliveira, relator do caso e ex-ministro do governo Bolsonaro. Ele foi acompanhado por outros dois ministros classificados como alinhados ao bolsonarismo, Augusto Nardes e Jhonatan de Jesus, enquanto a ala governista do tribunal, liderada pelo ministro Bruno Dantas, votou em bloco para encerrar o assunto antes mesmo da abertura da apuração, que poderia, inclusive em última instância, inabilitá-lo para cargos públicos.
O caso envolve a empresa Hempcare, que recebeu antecipadamente os R$ 48 milhões para fornecer os respiradores que nunca foram entregues. A empresa havia sido criada apenas nove meses antes da negociação e atuava na venda de medicamentos à base de cannabis, sem qualquer histórico de contratos com o poder público.
O ministro Bruno Dantas, revisor do processo e próximo do Palácio do Planalto, defendeu que os gestores agiram sob “pressão desesperadora” da pandemia e que a responsabilidade deveria recair apenas sobre a empresa fornecedora. Em seu voto, ele argumentou que punir gestores que agiram de forma rápida durante a emergência sanitária seria contraditório com o que o próprio TCU pregava naquele período. Dantas foi acompanhado por Antonio Anastasia, Benjamin Zymler, Walton Alencar e Aroldo Cedraz.
A decisão que livrou Gabas da investigação tem o efeito de amenizar a pressão que pesava sobre o ministro Rui Costa, já que ele era o responsável direto pelo consórcio na época da compra.
Política Livre