6 junho 2025
Os ataques à ministra Marina Silva (Meio Ambiente) na Comissão de Infraestrutura do Senado são assustadores e incompatíveis com o decoro parlamentar, afirmou nesta terça-feira (26) o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
Guimarães, que participou de uma reunião entre a ministra, uma comissão de deputados e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que Marina recebeu solidariedade dos presentes após as ofensas sofridas no Senado.
Mais cedo, a ministra deixou a sessão na comissão depois que o líder do PSDB, senador Plínio Valério (AM), disse que ela não merecia respeito.
“Nós prestamos solidariedade à ministra, porque isso aqui não é um terreiro de briga de galo, não. A ministra precisa ser respeitada”, ressaltou Guimarães. “Alguns senadores não a respeitaram e ela tem total solidariedade nossa. Não se faz isso. A República está de cócoras por conta desse tipo de comportamento que muitas vezes acontece aqui e que hoje aconteceu no Senado”.
Ele disse ter ficado surpreso com ataques inclusive de aliados. Na sessão, o senador Omar Aziz (PSD-AM) discutiu com a ministra por causa da BR-319, rodovia federal que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM) e enfrenta, há anos, dificuldades de licenciamento ambiental para ser novamente pavimentada. O senador disse que Marina não era “mais ética” do que ninguém que estava na sala.
“Eu acho que é uma coisa que assusta, esse clima, esse tipo de conduta, esse tipo de comportamento. É incompatível com o decoro, é incompatível com a Constituição”, afirmou. “Eu acho que esses dois plenários, os nossos antepassados, eles tremem no túmulo.”
Líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ) também criticou o comportamento dos senadores. “Foi um desrespeito inadmissível. Uma misoginia. Atacar uma mulher que tem uma história como a Marina.”
A ministra, que sofreu uma derrota expressiva na semana passada com a aprovação do projeto de licenciamento ambiental no Senado, terá apoio do governo para tentar minimizar os danos na Câmara, afirma Lindbergh.
“Marina não vai ficar só. Eu vou me empenhar pessoalmente. A gente quer construir aqui um caminho para que não exista um retrocesso tão gigantesco”, afirma.
Danielle Brant/Folhapress