22 maio 2025
A posição do governo brasileiro de divergir dos Estados Unidos sobre a classificação de facções como PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) como organizações terroristas é covarde e dificulta o enfrentamento do problema, afirma o deputado federal Danilo Forte (União-CE).
O presidente americano, Donald Trump, tem avaliado a possibilidade de classificar as facções brasileiras como grupos terroristas, a exemplo do que fez com a organização venezuelana Tren de Aragua. A medida tem apoio de bolsonaristas, que acusam Lula de ser fraco no combate ao crime organizado.
Danilo Forte é autor de um projeto que estende a aplicação da lei antiterrorismo a organizações criminosas e milícias privadas que realizem atos terroristas. O texto já teve urgência assinada por 333 deputados, acima das 171 assinaturas necessárias para que o requerimento seja votado no plenário.
Para ele, a posição do governo brasileiro não só é equivocada, mas também covarde. “Nós estamos perdendo tempo para fazer esse enfrentamento”, ressalta.
“Setores da economia estão sendo invadidos por organizações criminosas. Operadores ligados a eles estão substituindo operadores de bem, como fizeram nos postos de gasolina, na distribuição do cigarro. É o mesmo modelo”, argumenta. “É uma violência que não é mais subterrânea, não está mais na periferia, está em centros econômicos.”
O parlamentar afirma que falta uma ação mais incisiva do governo. Também argumenta que a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Segurança Pública maquia o problema, pois não dá às polícias ferramentas para enfrentamento às organizações criminosas. “Eu acho que é muito tímida a forma como o governo federal lida com isso”, critica.
Forte diz que, ao classificar as organizações criminosas como grupos terroristas, há uma transferência automática da justiça, o que agilizaria julgamentos, bloqueio de bens e prevenção de atos violentos.
“Você pode fazer a intervenção policial preventivamente. E, com essa prevenção, você garante para a população daquela região que ela vai ter a liberdade, inclusive para comprar o seu gás ou o seu galão d’água onde quiser”, destaca.
Danielle Brant/Folhapress