Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil/Arquivo
Moeda americana fechou a sessão desta segunda-feira (5) com uma forte alta de 0,62% 05 de maio de 2025 | 17:45

Dólar sobe a R$ 5,689 com dados dos EUA, e Bolsa despenca com Petrobras

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O dólar fechou a sessão desta segunda-feira (5), com uma forte alta de 0,62%, cotado a R$ 5,689, com investidores repercutindo dados que indicam que a economia dos EUA segue forte e estável apesar das incertezas geradas pelas tarifas do presidente Donald Trump.

Já a Bolsa encerrou com queda de 1,26%, aos 133.430 pontos, segundo dados preliminares, tendo como principal impulsionador notícias de que a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que inclui aliados com a Rússia) vai acelerar os aumentos na produção de petróleo, o que fez as ações da Petrobras despencarem, puxando o índice da B3 para baixo. Os papeis da da PETR3 e da PETR4 fecharam com recuo de 2,81% e 3,73%, respectivamente.

Tanto a divisa americana quanto a Bolsa haviam iniciado a sessão perto da estabilidade, indicando a cautela dos investidores em uma semana marcada por decisões de bancos centrais ao redor do mundo, incluindo o Fed (Federal Reserve, o BC americano), o Banco da Inglaterra e o Banco Central do Brasil.

No entanto, os movimentos de alta do dólar e queda da Bolsa se intensificaram a partir do noticiário que foi se mostrando ao longo da sessão.

Na cena internacional, os investidores seguem de olho nas tarifas de Trump. No domingo, o presidente dos EUA anunciou uma tarifa de 100% sobre os filmes produzidos fora dos EUA por se tratar de “ameaças à segurança”, mas ofereceu pouca clareza sobre como as taxas serão implementadas. Ações da Netflix, Amazon e Walt Disney caíam nesta segunda.

“Esse é um esforço conjunto de outras nações e, portanto, uma ameaça à segurança nacional. Além de tudo o mais, trata-se de mensagens e propaganda”, disse Trump no Truth Social. “Queremos filmes produzidos na américa, de novo!”

Ainda no domingo, a bordo do Air Force One, Trump disse que os EUA estão se reunindo com muitos países, incluindo a China, para tratar de acordos comerciais, e que sua principal prioridade com a China é garantir um acordo comercial justo.

Questionado se algum acordo será anunciado nesta semana, Trump disse que pode “muito bem acontecer”, mas não deu detalhes.

Em relação ao Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou no domingo que conversou com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sobre a política tarifária norte-americana, apontando que os dois países estão negociando os “termos de um entendimento” em relação à questão.

“O mais importante nesse momento é dizer que nós estamos em uma mesa negociando os termos de um entendimento… Eu acredito que a postura do secretário foi bastante frutífera e demonstrou uma abertura para o diálogo bastante importante”, disse o ministro em visita a Los Angeles, nos Estados Unidos, para tratar sobre investimentos em data centers.

Diante das tarifas sobre filmes estrangeiros, os principais índices americanos caíam. Após o otimismo desencadeado na semana passada, o viés negativo de Wall Street reacendeu preocupações sobre os efeitos de uma guerra comercial global, o que contaminou as movimentações do Ibovespa aqui no Brasil.

Também contribuiu para o recuo do principal índice da Bolsa brasileira a notícia de que a Opep+ vai acelerar os aumentos na produção de petróleo e poderá trazer de volta ao mercado até 2,2 milhões de barris por dia até novembro. Essa decisão pesou sobre as ações da Petrobras.

“O principal fator que desencadeia a queda da Bolsa hoje é a redução no preço do petróleo, causada pela decisão da Opep+ de aumentar a produção de barris em resposta às tarifas. Isso impacta diretamente as ações da Petrobras, que têm grande peso no índice da Bolsa, contribuindo para a queda do mercado”, disse Ian Lopes, economista da Valor Investimentos.

Os mercados também digeriam a notícia de que o Fed deve manter inalterada a taxa de juros nos EUA em meio às tarifas de Trump, o que lança uma sombra de incerteza sobre as perspectivas econômicas. O Fed tem mantido a taxa básica de juros na faixa de 4,25% a 4,50% desde dezembro.

As autoridades do Fed preveem que as tarifas irão aumentar tanto a inflação quanto o desemprego, embora não se saiba ao certo em que grau e por quanto tempo.

Os dados econômicos disponíveis até o momento não sugerem que a economia esteja desmoronando. Dados fortes de emprego dos EUA na sexta mostraram que o mercado de trabalho do país continua estável, afastando algumas preocupações de recessão.

A semana estará cheia de decisões de bancos centrais pelo mundo sobre taxas de juros. O destaque será o anúncio do Fed na quarta-feira, com a expectativa de que manterá a taxa de juros inalterada. O Banco da Inglaterra, por sua vez, divulgará sua decisão na quinta-feira.

Por aqui, o Copom (Comitê de Política Monetária) publicará sua decisão na quarta, tendo já anunciado anteriormente que deve elevar a taxa Selic, agora em 14,25% ao ano, em uma magnitude menor que os aumentos anteriores recentes de 1 ponto percentual.

Operadores estão projetando 68% de chance de o Copom elevar a Selic em 0,5 ponto, com 32% das apostas apontando para uma alta menor, de 0,25 ponto.

O foco dos investidores estará principalmente na forma como as autoridades desses bancos centrais veem os impactos das incertezas comerciais no crescimento econômico e na inflação.

“A escalada das tensões comerciais globais… introduziu novas incertezas ao panorama internacional. Para o Brasil, contudo, os efeitos esperados são de natureza desinflacionária, embora ainda persistam algumas dúvidas”, disseram analistas do BTG Pactual em relatório.

Economistas consultados pelo BC (Banco Central) reduziram pela primeira vez no ano a previsão da taxa básica de juros (Selic) em 2025.

A mediana das projeções para a Selic em 2025 é de 14,75%, na primeira queda depois de 16 semanas com a expectativa de 15%. Para 2026, a previsão é de que a taxa atinja 12,5% (é a 14ª semana com a projeção).

As estimativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e dólar também foram diminuídas, enquanto a do PIB (Produto Interno Bruto) foi mantida para este ano, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (5) pelo BC.

O levantamento também projetou nova queda para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que deve ter 5,53% ao fim deste ano.

No câmbio, houve também uma queda na expectativa para o preço do dólar no final de 2025 em R$ 5,86.

Além disso, uma análise gráfica do BB apontou para um Ibovespa em queda, com os ativos domésticos atentos ao cenário internacional enquanto investidores monitoram as negociações tarifárias do governo Trump e os dados de atividade nos EUA.

Vitor Hugo Batista/Folhapress
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