29 maio 2025
O Ministério das Relações Exteriores da China anunciou em Pequim, no início da manhã desta quarta (7), noite de terça no Brasil, que o vice-primeiro-ministro He Lifeng visitará a Suíça de 9 a 12 de maio para “conversas com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos”, Scott Bessent.
Lifeng, descreve o comunicado, estará na condição de “líder chinês das relações econômicas e comerciais China-EUA”. Será o início das negociações sobre as tarifas impostas por Washington contra produtos chineses.
Nos EUA, tanto o Departamento do Tesouro, como o escritório do Representante de Comércio, Jamieson Greer, informou que as duas autoridades estarão na Suíça para as negociações.
O porta-voz do ministério chinês havia afirmado, na entrevista coletiva de terça, que “as portas estão abertas se os EUA quiserem negociar”, acrescentando que, “se uma solução negociada é verdadeiramente o que os EUA querem, devem parar de ameaçar”.
Também na terça, em depoimento no Congresso americano, negando indiretamente diversas declarações dadas pelo presidente Donald Trump, Bessent havia respondido aos parlamentares, sobre a China: “Nós ainda não nos engajamos em negociações, até o momento”.
O comunicado chinês e os americanos também informam que o encontro será a convite do governo suíço, com encontros prévios dos enviados com a presidente do país, Karin Ketter-Sutter. He Lifeng viaja em seguida à França, para copresidir o 10º Diálogo Econômico e Financeiro de Alto Nível China-França, de 12 a 16 de maio.
Produtos chineses importados pelos EUA são alvo atualmente de uma tarifa total de até 145%. O percentual é resultado da soma da taxa anunciada pelo presidente Donald Trump no mês passado, de 125%, a uma tarifa de 20% aplicada no início deste ano. Em reação, também no mês passado, a China impôs uma tarifa de 125% sobre os produtos americanos.
Na última sexta-feira (2), o Ministério do Comércio chinês havia anunciado que o governo americano “tomou recentemente a iniciativa de transmitir mensagens ao lado chinês por meio de canais relevantes” e que Pequim avaliava conversas diretas com Washington.
Na terça, Trump se encontrou presencialmente com o premiê canadense, Mark Carney, pela primeira vez. A reunião ocorreu na Casa Branca, em Washington.
Na ocasião, o presidente americano afirmou que nada que o Canadá dissesse poderia alterar o rumo das tarifas de 25% impostas ao país vizinho.
“É como as coisas são”, respondeu o republicano após ser questionado sobre a razão de não abrir espaço para mudar por ora as tarifas canadenses.
Trump também propôs renegociar o acordo EUA-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês), que foi o principal tratado do seu primeiro mandato, incentivando o livre comércio entre as nações. Carney propôs o mesmo, dizendo que o presidente americano se aproveitou de brechas no trato para impor tarifas às duas nações vizinhas.
“Vou dizer uma palavra sobre o USMCA, se me permite. Ele é uma base para negociações mais amplas. Algumas partes dele vão precisar mudar. E parte da forma como o senhor conduziu essas tarifas se aproveitou de aspectos existentes do USMCA, então isso vai ter que mudar”, disse Carney.
Mais tarde, o primeiro-ministro canadense foi questionado se confiaria num novo acordo comercial proposto pelos EUA já que Trump não teria respeitado o atual. Ele disse que isso seria observado durante as negociações.
Trump tem afirmado ao longo das últimas semanas que muitos países o procuraram em busca de acordos em torno das tarifas. Nesta terça, porém, ele mudou o tom que vinha adotando e reclamou das constantes perguntas sobre quantos e quais acordos ele anunciaria.
Nelson de Sá/Folhapress