22 maio 2025
A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou a 0,43% em abril, após marcar 0,56% em março, apontam dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O novo resultado veio praticamente em linha com a mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,42%, de acordo com a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,38% a 0,6%.
O IPCA de 0,43% é o maior para meses de abril desde 2023 (0,61%). Apesar da desaceleração ante março, o índice foi pressionado novamente por alimentos e, desta vez, também pelo reajuste de medicamentos.
Com o dado de abril, o IPCA passou a acumular alta de 5,53% em 12 meses, acima da taxa de 5,48% registrada até março. É a maior inflação desde fevereiro de 2023 (5,6%).
O acumulado segue distante do teto de 4,5% da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central). Em uma tentativa de conter os preços, a instituição promoveu um ciclo de aumento na taxa básica de juros, a Selic, que chegou nesta semana a 14,75% ao ano. É o maior nível em quase duas décadas.
O choque na taxa de juros busca esfriar a demanda por bens e serviços e, assim, reduzir a pressão inflacionária. O possível efeito colateral é a perda de fôlego da atividade econômica, já que o crédito fica mais caro para consumo e investimentos produtivos.
Entre os nove grupos de produtos e serviços do IPCA, a maior variação em abril foi registrada pelo ramo de saúde e cuidados pessoais (1,18%), seguido de vestuário (1,02%) e alimentação e bebidas (0,82%).
Os alimentos até desaceleraram em relação a março (1,17%), mas foram responsáveis pelo principal impacto no índice do mês passado (0,18 ponto percentual).
A segunda maior pressão (0,16 ponto percentual) foi a gerada por saúde e cuidados pessoais. O resultado do grupo foi influenciado pelos produtos farmacêuticos (2,32%), após a autorização do reajuste de até 5,09% nos medicamentos, a partir de 31 de março, e pelos itens de higiene pessoal (1,09%).
O BC passa a perseguir a meta de inflação de maneira contínua em 2025, abandonando o chamado ano-calendário (janeiro a dezembro).
No novo modelo, o alvo será considerado descumprido quando o IPCA acumulado permanecer por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro da meta é de 3%.
O mercado financeiro projeta IPCA de 5,53% no fechamento deste ano, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda (5) pelo BC. A previsão caiu nas últimas três semanas da pesquisa, mas segue distante do teto de 4,5%.
O governo Lula (PT) tem comemorado dados positivos na área econômica, incluindo o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), o aumento da renda e a redução do desemprego para níveis mínimos da série histórica.
Por outro lado, a inflação de itens como alimentos virou preocupação para o presidente e seus apoiadores. A carestia desses produtos afeta principalmente as famílias mais pobres e é apontada como uma das principais razões para a queda da aprovação de Lula no começo de 2024. Os alimentos subiram de preço em um cenário de problemas climáticos e dólar alto.
Leonardo Vieceli/Folhapress