Foto: Arquivo Agência Brasil
Mais velhos puxam alta nas compras pela internet no Brasil 14 de maio de 2025 | 08:23

Mais velhos puxam alta nas compras pela internet no Brasil

economia

Os consumidores mais maduros, com 50 anos ou mais, estão liderando as compras na internet. No ano passado, essa faixa etária representou 38% do total de compradores, contra 33% do ano anterior. Em contrapartida, os usuários que têm até 24 anos somaram 7% dos consumidores online, uma queda de três pontos percentuais ante os 10% de 2023.

Os dados pertencem à 51ª edição da pesquisa Webshoppers, realizada pela consultoria NielsenIQ. O relatório também apontou mais consumidores de 35 a 49 anos comprando online, parcela que avançou de 32% para 35% no ano passado. Já entre os que têm entre 25 e 34 anos, a fatia recuou de 24% para 20%.

“O Brasil registrou um incremento de 16% no total de consumidores online ativos em 2024, para 125,6 milhões”, diz Andrea Stoll, líder do Painel de Consumidores e de e-Commerce da NielseniQ no Brasil. Por “ativos”, entende-se quem fez ao menos uma compra na internet em um período de 12 meses.

Hoje, metade da população faz pelo menos uma compra online ao ano, diz.

A pesquisa destaca que mais gente passou a consumir online no ano passado, incluindo o público mais velho. “Mas mesmo quem já comprava algo pela internet começou a comprar mais, em outras categorias”, afirma Andrea. Os dois fatores justificam o aumento de 19% no faturamento total das compras online em 2024, que somaram R$ 351,4 bilhões.

Em faturamento, as categorias que mais cresceram no ano passado foram saúde (32,6%), perfumaria e cosméticos (28%), moda e acessórios (23,3%) e alimentos e bebidas (17.8%). Já em número de pedidos, a demanda foi puxada por saúde (35,8%), esporte e lazer (35,5%), perfumaria e cosméticos (30,9%) e alimentos e bebidas (28,1%).

As quedas mais expressivas em 2024 foram observadas nos segmentos de telefonia (-22,4%), construção e ferramentas (-17,9%) e eletrônicos (-13,8%). As mesmas categorias também recuaram em número de pedidos –quedas de 24,6%, 14,2% e 9,5%, respectivamente.

A Black Friday se consolidou como a principal data do varejo online: segundo a pesquisa, houve aumento de 24,8% nas vendas em novembro do ano passado, em comparação ao mesmo período de 2023. Na data, as categorias mais compradas foram moda e acessórios, perfumaria e cosméticos, eletrodomésticos, alimentos e bebidas e casa e decoração –nesta ordem.

“A compra de bens de consumo de giro rápido [FMCG na sigla em inglês], que incluem alimentos e bebidas e higiene e beleza, vêm crescendo rapidamente na internet, embora ainda representem pouco das vendas totais em faturamento, da ordem de 5%”, diz Andrea. “Sinal que o consumidor vai atrás de preço e promoção na internet, busca o que for mais barato e de preferência com frete grátis.”

Na busca pelo mais barato, as compras internacionais têm ficado de fora. O percentual de consumidores que fizeram compras em sites internacionais (chamados de cross-borders) caiu de 69% em 2023 para 53,2% no ano passado, de acordo com a pesquisa. Sinal de que a “taxa das blusinhas” –taxação em 20% para compras internacionais de até US$ 50– adotada em agosto de 2024, já surtiu efeito.

Os sites estrangeiros mais usados por brasileiros são Shopee e Aliexpress, segundo a pesquisa.

O levantamento da NielsenIQ aponta que as empresas que vendem apenas pela internet –os “pure players”, como Mercado Livre e Amazon– registraram um aumento nas vendas no ano passado superior ao empresas que operam no mundo físico e no virtual (os “brick & click”, caso de redes como Magazine Luiza e Casas Bahia, por exemplo).

“Os pure players se destacam pela amplitude do sortimento, tempo de entrega mais rápido e atendimento pós-venda”, afirma Andrea.

No ano passado, as vendas dos “pure players” cresceram 38%, fazendo com que esses marketplaces respondam por 67,4% de todo o consumo online no país. Já as vendas dos “brick & click” na internet caíram 6,2%; com isso, a fatia dessas empresas foi reduzida a 26,3%.

Outros competidores (que representam lojas online de menor porte ou de fabricantes, por exemplo) também registraram queda, da ordem de 12,1%. A fatia dessas outras empresas no ecommerce nacional foi de 6,3% em 2024.

Daniele Madureira/Folhapress
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