Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo
O presidente do IBGE, Márcio Pochmann 08 de maio de 2025 | 17:50

‘Não há nada de errado, já que planeta é redondo’, diz Márcio Pochmann sobre mapa invertido com Brasil no centro

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Após postar em seu perfil no X (ex-Twitter) um mapa-múndi de ponta-cabeça, com o Brasil no centro, o presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Márcio Pochmann, disse à coluna que os comentários a favor ou contra a imagem “fazem parte” e que não há nada de errado com a representação.

“A sociedade pode se colocar como quiser, mas a instituição tem autonomia. O mapa visa estimular a reflexão a partir do Sul Global. Ele passou por toda a área técnica antes de ser publicado. Lembrando que não há nada de errado tecnicamente, já que o planeta é redondo”, afirma.

O IBGE lançou, na quarta-feira (7), uma versão do mapa-múndi com o Brasil no centro. A imagem também é chamada de “mapa invertido”. Segundo Pochmann, desde 2016 a instituição adota a prática de deslocar o Brasil dentro da lógica do Sul Global — região onde o país tradicionalmente é representado.

O novo mapa foi desenhado especialmente para o Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global. O evento, organizado pelo IBGE, será realizado em Fortaleza, nos dias 10, 11 e 12 de junho. O objetivo é divulgar novos indicadores.

O gráfico destaca a liderança atual do Brasil em fóruns internacionais, como Brics, Mercosul e a COP30 (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), que ocorrerá neste ano.

“A representação com a qual estamos acostumados centraliza a Europa. Essa referência vem dos primeiros mapas do mundo, feitos no século 16. Com o tempo, a sociedade passou a refletir sobre isso. Na década de 1940, houve vários movimentos que defendiam essa mudança”, afirmou.

Segundo o IBGE, a convenção cartográfica que coloca o Norte para cima e o Leste para a direita foi estabelecida por Ptolomeu. Ela foi amplamente adotada por outros cartógrafos, como Mercator e Waldseemüller.

Mesmo assim, há mapas com outras orientações, em que o Norte não está no topo — como nos mapas medievais e em algumas culturas não ocidentais.

“Nos mapas modernos, há questões ligadas a reivindicações políticas. Os mapas invertidos geralmente são feitos por países do Hemisfério Sul”, diz o texto de divulgação.

Perguntado se o mapa invertido pode refletir na popularidade do governo Lula (PT) — que passa por uma crise neste momento —, Márcio Pochmann afirmou que o IBGE é um órgão de Estado e que não trabalha com a agenda política.

A versão com o Brasil no centro está à venda na loja do IBGE.

Mônica Bergamo, Folhapress
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