Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) 02 de maio de 2025 | 19:15

PSB aposta em Alckmin para atrair tucanos insatisfeitos com aliança entre PSDB e Podemos

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O PSB de São Paulo planeja que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) atue como fiador para atrair integrantes do PSDB insatisfeitos com a união com o Podemos. Os pessebistas querem engrossar as fileiras partidárias visando a pré-candidatura de Márcio França (PSB) ao Palácio dos Bandeirantes, sem perder de vista o projeto nacional de lançar o prefeito de Recife, João Campos (PSB), como candidato a presidente em 2030.

Alckmin, quatro vezes governador de São Paulo pelo PSDB, se filiou ao PSB em 2022 para ser vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na troca partidária, levou consigo poucos nomes de seu antigo grupo. Agora, tucanos relatam nos bastidores que o vice-presidente tem os procurado para discutir o cenário político no Estado.

A assessoria de Alckmin informou em nota que “o vice-presidente da República mantém diálogo democrático, sem distinção partidária, com todos os representantes do povo brasileiro”.

“Essa fusão só vai beneficiar o Podemos, e o PSDB vai praticamente ficar de coadjuvante aqui no processo de São Paulo. Eu diria que tem total interesse da nossa parte em poder conversar, apresentar nossas ideias e, quem sabe, atraí-los tendo o vice-presidente Geraldo, que é uma figura forte, como fiador”, disse Caio França (PSB), recém-eleito presidente do diretório estadual da sigla.

Ele avalia que o movimento faz sentido porque o PSB quer filiar nomes que respeitam a democracia e tenham perfil de centro. Um dos desejos de França é o ex-prefeito de Santos e deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que mesmo sendo aliado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) compareceu ao evento do PSB que lançou o nome de Márcio França. Barbosa nega conversas para trocar de sigla. “Não há nenhuma conversa nesse sentido. Estou focado no mandato”, disse.

Uma liderança tucana ouvida pela reportagem considera que há poucas chances da investida do PSB sobre o partido ter sucesso porque os integrantes da sigla demonstram resistência a entrarem em um partido aliado de Lula.

Embora o PSDB tenha anunciado que as discussões com o Podemos tratam de uma fusão partidária, do ponto de vista jurídico o instrumento utilizado será uma incorporação. Dessa forma, os deputados de ambos os partidos não terão uma brecha para trocarem de sigla sem perderem o mandato.

A avaliação de parte das pessoas que se encontraram com Alckmin recentemente é que ele procura medir a temperatura para uma eventual candidatura ao Palácio dos Bandeirantes ou ao Senado por São Paulo, na hipótese de não repetir a chapa com Lula, ao mesmo tempo que sonda tucanos que hoje estão à deriva no PSDB. O partido definhou nos últimos anos em meio a uma sucessão de brigas internas, saída de lideranças e a consolidação do bolsonarismo como principal antagonista do PT.

Presidente do diretório municipal de São Paulo, o ex-senador José Aníbal (PSDB) disse que Alckmin conversa “com todo mundo” e que ouviu do vice-presidente em um encontro há cerca de um mês que é importante que partidos que tenham história, como o PSDB, continuem existindo.

“Agora, nada impede que as pessoas conversem. O Geraldo conversa e certamente tem algumas ideias para o ano que vem, do ponto de vista da eleição. Ele poderá continuar sendo o vice do Lula ou seguir outra alternativa”, afirmou Aníbal.

A atuação mais concreta de Alckmin até o momento ocorre em Barueri. Ex-prefeito da cidade por seis vezes, Rubens Furlan deixou o PSDB e se filiou ao PSB em 2023. Agora, dirigentes tucanos dão como certo que a deputada estadual Bruna Furlan (PSDB) e o restante do grupo político da família farão o mesmo. Procurada, Bruna disse por meio de nota que qualquer decisão será tomada apenas no ano que vem.

Rubens Furlan é uma das opções para disputar o Senado pelo PSB em 2026, mas em um discurso no mês passado rechaçou a possibilidade. Ele está inelegível por oito anos após ter sido condenado no início do mês pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). Por 5 votos a 2, o tribunal considerou que ele fez uso indevido dos meios de comunicação ao impulsionar publicações nas redes sociais para divulgar a campanha eleitoral de seus afilhados políticos em Barueri. Cabe recurso da decisão.

Pedro Augusto Figueiredo/Estadão
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