Foto: Presidência da Ucrânia/Divulgação
Os líderes Donald Tusk (Polônia), Volodimir Zelenski (Ucrânia), Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido) e Friedrich Merz (Alemanha) 16 de maio de 2025 | 18:40

Ucrânia e Rússia fracassam em definir um cessar-fogo, porém aceitam se reunir novamente

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As autoridades da Ucrânia e da Rússia que estão em Istambul para tentar negociar o fim da guerra no Leste Europeu concordaram em se reunir novamente, afirmou o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, nesta sexta-feira (16). Um acordo de cessar-fogo, porém, não foi alcançado.

Segundo o chanceler, que mediou as negociações, os dois lados vão trocar mil prisioneiros de guerra cada e compartilhar por escrito suas condições para uma trégua. “Continuaremos a fazer todos os esforços para tornar possível alcançar uma paz duradoura entre a Rússia e a Ucrânia”, escreveu Fidan na rede social X.

A situação nos bastidores parece não ser tão otimista quanto o tom do ministro, no entanto. A Rússia disse estar pronta para continuar as conversas, mas, segundo a agência de notícias Reuters, uma autoridade turca afirmou que nenhum cronograma para a próxima rodada de negociações foi acordado.

Além disso, um funcionário ucraniano afirmou também à Reuters que Moscou fez ultimatos para que a Ucrânia se retirasse de partes de seu próprio território a fim de obter um cessar-fogo. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse que a posição russa era “claramente inaceitável” e que os líderes europeus, a Ucrânia e os Estados Unidos estavam “alinhando estreitamente” suas respostas.

A Rússia vê as atuais negociações como uma continuação das conversas das primeiras semanas da guerra, em 2022, também em Istambul. Na época, Moscou exigia que a Ucrânia cortasse drasticamente seu efetivo militar, abrisse mão de parte de seu território, abandonasse suas ambições de aderir à Otan, a aliança militar ocidental, e se tornasse um país militarmente neutro.

Segundo o chefe de gabinete de Zelenski, Andri Iermak, a tentativa de alinhar as novas negociações com as anteriores, que não tiveram sucesso, fracassariam. Em 2022, a Ucrânia rejeitou os termos por considerá-los equivalentes a uma rendição e passou a buscar garantias de segurança no futuro junto a potências mundiais, especialmente os EUA.

Assim que a reunião terminou, após menos de duas horas, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, conversou por telefone com o presidente americano, Donald Trump, e os líderes de França, Alemanha, Reino Unido e Polônia, disse o porta-voz do líder.

O principal negociador de Moscou, Vladimir Medinski, disse a jornalistas que sua equipe havia anotado o pedido dos ucranianos por conversas diretas entre Zelenski e seu homólogo russo, Vladimir Putin.

“Concordamos que cada lado apresentará sua visão de um possível cessar-fogo futuro e a detalhará. Após a apresentação dessa visão, acreditamos que seria apropriado, como também acordado, continuar nossas negociações”, disse Medinski.

Zelenski chegou a viajar a Ancara, capital da Turquia, na quinta-feira (15), mas, diante da ausência do homólogo russo, decidiu não participar das negociações. O presidente havia desafiado Putin a ir ao encontro no início da semana; o convite, inclusive, partira do próprio Putin. Mas Moscou, após dias de silêncio, optou por enviar uma delegação de segundo escalão à cidade turca.

O ucraniano e seus aliados europeus também vêm fracassando ao tentar estabelecer um cessar-fogo de 30 dias desde sábado (10) —nesta sexta, a Rússia disse ter capturado mais uma vila no leste da Ucrânia. Minutos antes do início da reunião em Istambul, a imprensa ucraniana noticiou um alerta aéreo e explosões na cidade de Dnipro.

Como retaliação, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o bloco estava trabalhando em um novo pacote de sanções contra Moscou.

Já baixas, as expectativas do encontro foram ainda mais abaladas na quinta-feira (15), quando Trump, ao encerrar uma viagem ao Oriente Médio, afirmou que não haveria movimento sem um encontro entre ele e Putin. Mais cedo nesta sexta, o Kremlin afirmou que a reunião era necessária, mas exigia considerável preparação prévia e precisava produzir resultados.

Antes das conversas entre as delegações, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, falou com seus homólogos ucranianos e turcos e “reiterou a postura dos EUA de que é necessário pôr fim ao massacre”, afirmou Tammy Bruce, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.

As equipes de negociação sentaram-se frente a frente, com os russos vestidos de terno e metade dos ucranianos de uniforme militar. Um funcionário disse à Reuters que os ucranianos falaram em sua própria língua, por meio de um intérprete.

Duas pessoas disseram que a Rússia rejeitou um pedido da Ucrânia para que representantes americanos estivessem na sala, e outras duas falaram que Medinski afirmou que a Rússia estava pronta para continuar lutando pelo tempo que fosse necessário, traçando um paralelo histórico com as guerras do czar Pedro, o Grande, contra a Suécia, que duraram 21 anos no início dos anos 1700.

Folhapress
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