20 junho 2025
A menos que consigam fazer uma mágica, ou seja, saibam operar a máquina partidária e, obviamente, também a do governo, em seu mais pleno favor, dificilmente as forças que defendem a continuidade no comando do PT baiano vão poder comemorar vitória no próximo dia 6 de Julho, quando ocorrem eleições diretas para renovar as direções da sigla em todo o país. Há claramente uma disputa entre a cúpula e as bases do partido na Bahia como talvez nunca tenha sido registrado em sua história. É o que tem dificultado um entendimento em prol de um nome consensual para suceder o atual presidente da legenda, Éden Valadares.
Um debate realizado na terça-feira (10) entre o candidato dele, Tássio Brito, e seu concorrente, o ex-presidente Jonas Paulo, mostrou que as perspectivas de um acordo entre eles se esvaem na mesma medida em que a temperatura das discussões aumenta, jogando a agremiação numa luta áspera cujo resultado ninguém ainda pode prever. Mais experiente e, portanto, tarimbado, além de extremamente combativo, Jonas acuou o adversário no confronto, fazendo as redes da militância petista ferverem com ataques ao candidato da situação. De fato, se engajar na aposta de Éden significa concordar com a continuidade de uma gestão que trancou-se no gabinete e afastou-se das bases.
É nesta tecla que a oposição, representada por Jonas, tem batido com sucesso, mobilizando uma militância que poderá, pela primeira vez em anos, participar de uma eleição direta para eleger o comando do partido no Estado e nos municípios em que está representado. Mas se a ‘pecha’ pega é porque tem como pano de fundo a mais profunda verdade. Não é novidade para ninguém que o presidente petista, cujo nome foi lançado pelo senador Jaques Wagner para assegurar seu controle sobre o PT e a montagem das chapas governistas, comandou o partido de uma maneira que não parece ter agradado as bases.
A bem da verdade, não há como discordar do argumento de que sua gestão foi prejudicada pela pandemia, quando o partido achou por bem, nacionalmente, prorrogar os mandatos de todos os dirigentes, o que ampliou o tempo de Éden no poder para seis anos. O amplo período, no entanto, não favoreceu o presidente, que chegou às portas da eleição de agora sem condições políticas para tentar sequer renovar o mandato, preferindo renunciar à reeleição de forma açodada sem antes ter o cuidado de apresentar um nome à própria sucessão. A tarefa de escolher Tássio acabou sobrando para Wagner, repetindo o que fez seis anos atrás com o então assessor direto.
Curioso é que as críticas que são dirigidas a Éden e, naturalmente, a seu candidato se repetem também quando a disputa volta-se para o PT de Salvador. No município, onde o partido sofreu uma derrota fragorosa em 2024, perdendo três dos quatros vereadores que tinha, depois de apostar na candidatura furada do vice-governador Geraldo Jr. (MDB) à Prefeitura, a tentativa do grupo ligado ao atual presidente estadual de se perpetuar, por meio do nome da petista Ana Carolina, tem gerado quase o mesmo clima de insurreição entre as bases, provocando a expectativa de que o partido vai explodir se sua cúpula não der passagem aos anseios de participação da militância.
*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na Tribuna de hoje.
Raul Monteiro*