Foto: Gabriel Silva/E.Fotografia/Folha Press
Manifestação chamada por Bolsonaro e aliados pede 'justiça já' e reunirá Tarcísio e outros governadores 29 de junho de 2025 | 12:16

Bolsonaristas se reúnem na Paulista em ato promovido pelo ex-presidente para pressionar STF

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Manifestantes estão na avenida Paulista, em São Paulo, no início da tarde deste domingo (29), para participar de um ato chamado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua defesa diante do avanço do julgamento da trama golpista no STF (Supremo Tribunal Federal).

Apesar do clamor do núcleo mais próximo de Bolsonaro por um indulto ou anistia ao ex-presidente, o ato foi divulgado sob um mote mais genérico de “justiça já”, deixando em aberto o que pode ser reivindicado no palanque montado em frente ao Masp, onde os manifestantes começam a se aglomerar.

A expectativa da organização é de que os discursos foquem mais na figura do próprio Bolsonaro do que em defesa dos acusados nos ataques de 8 de Janeiro, diferentemente do ultimo ato no local, no dia 6 de abril. Recentemente, o ex-presidente chamou de “malucos” aqueles que pediam por intervenção militar após a sua derrota na eleição de 2022.

O ato é organizado pelo pastor Silas Malafaia e foi chamado por Bolsonaro e seu entorno. No sábado (28), o ex-mandatário participou de uma live com aliados para divulgar a manifestação. Na semana retrasada, ele cancelou agendas políticas em Goiás após se sentir mal. Ele passou por tomografia e outros exames em Brasília.

Quatro governadores confirmaram presença: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Cláudio Castro (PL-RJ) e Jorginho Mello (PL-SC). Os dois primeiros são vistos como possíveis presidenciáveis no próximo ano. Publicamente, o governador de São Paulo nega e se diz pré-candidato à reeleição no estado.

Filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), também confirmado no ano, colocou o indulto como uma condição para o apoio do pai em 2026. Neste mês, em entrevista à Folha, ele declarou que o candidato deve brigar com o STF por isso, se necessário, incluindo até “o uso da força”.

Além de Bolsonaro, Malafaia, Flávio e Tarcísio, devem discursar neste domingo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, os deputados federais do PL Sóstenes Cavalcante (RJ), Nikolas Ferreira (MG), Gustavo Gayer (GO) e Caroline De Toni (SC), o senador Magno Malta (PL-ES) e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.

O processo no STF sobre o núcleo principal da trama golpista está prestes a entrar na reta final. Os réus e testemunhas já foram ouvidos e o ministro Alexandre de Moraes abriu prazo para o Ministério Público apresentar suas alegações finais. Posteriormente, os réus também terão a oportunidade de apresentar seus argumentos pela última vez antes do julgamento. Caso seja condenado, a pena do ex-presidente pode passar de 40 anos de prisão.

A expectativa no Supremo é que o caso esteja pronto para ir a julgamento no início de setembro.

Apesar de negar ter articulado um golpe, enquanto presidente Bolsonaro acumulou uma série de declarações golpistas às claras, provocou crises entre os Poderes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022 e ameaçou não cumprir decisões do STF.

Após a derrota para Lula, incentivou a criação e a manutenção dos acampamentos golpistas que se alastraram pelo país e deram origem aos ataques do 8 de Janeiro. No mesmo período, como ele mesmo admitiu publicamente, reuniu-se com militares e assessores próximos para discutir formas de intervir no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e anular as eleições.

Saudosista da ditadura militar e de seus métodos antidemocráticos e de tortura, foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral. Hoje está inelegível ao menos até 2030.

Juliana Arreguy e Anna Virginia Balloussier, Folhapress
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