27 junho 2025
O ex-comentarista da Jovem Pan Paulo Figueiredo disse, nesta quinta (6), que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) “já está bem e em segurança na Itália”. À coluna, a assessoria da parlamentar confirmou a informação.
Paulo Figueiredo conversou com a parlamentar quando ela estava no aeroporto.
Condenada a dez anos de prisão, Zambelli revelou na terça-feira (3) ter deixado o Brasil, disse que não voltará ao país e manifestou a intenção de, no exterior, ter uma atuação como a do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) nos Estados Unidos, que promove uma ofensiva contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Na quarta (4), o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva de Zambelli, além do bloqueio de seus bens e da inclusão do nome da parlamentar na lista de difusão vermelha da Interpol.
Moraes atendeu a um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) enviado ao Supremo após a parlamentar anunciar que deixou o Brasil, menos de um mês depois de ser condenada por unanimidade a dez anos de prisão pela Primeira Turma da corte.
No pedido, a Procuradoria afirmou que não pretende antecipar o cumprimento da pena de Zambelli, mas “assegurar a devida aplicação da lei penal”.
O bloqueio determinado por Moraes atinge os passaportes da deputada; o salário pago pela Câmara; os bens, ativos e contas bancárias, inclusive para recebimento de Pix; os veículos e imóveis; e as embarcações e aeronaves que eventualmente estiverem registradas no nome dela.
Segundo o ministro, a viagem de Zambelli para fora do país representa “fuga do distrito de culpa”. “A ré declarou que pretende insistir nas condutas criminosas, para tentar descredibilizar as instituições brasileiras e atacar o próprio Estado democrático de Direito, o que justifica, plenamente, a decretação de sua prisão preventiva”, acrescenta.
A Interpol incluiu nesta quinta (5) a deputada na lista de difusão vermelha. Com isso, a parlamentar pode ser presa em outros países.
Zambelli disse que seu destino final seria a Europa, por possuir cidadania italiana.
“Estou escolhendo a Europa, porque ele [Eduardo Bolsonaro] já está fazendo trabalho exemplar nos Estados Unidos”, disse a parlamentar. “Vou denunciar, sim, tudo o que está acontecendo. (…) Quero expor isso para o mundo para que eles saibam quem são os ministros da Suprema Corte do Brasil”.
Eduardo tem defendido junto a autoridades do governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, sanções contra ministros do Supremo e criticado o que classifica como perseguição do judiciário brasileiro contra bolsonaristas.
Na semana passada, o STF abriu investigação contra o deputado, pelos supostos crimes de coação, obstrução de investigação e abolição violenta do Estado democrático de Direito.
No início do mês passado, Zambelli foi condenada pelo STF após a Primeira Turma do STF concluir que a deputada comandou a invasão aos sistemas institucionais do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), com o auxílio do hacker Walter Delgatti.
O objetivo seria emitir alvarás de soltura falsos e provocar confusão no Judiciário. Ela recorreu da sentença.
Outros dois processos ameaçam a vida política da parlamentar. Em janeiro, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral) decidiu cassar o seu mandato por desinformação eleitoral.
Dois meses depois, o STF formou maioria para condená-la a cinco anos de prisão em regime semiaberto por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. O caso está parado por um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques, indicado ao STF por Jair Bolsonaro (PL).
Na véspera do segundo turno das eleições de 2022, Zambelli ameaçou atirar em um homem, nos Jardins, na zona oeste paulistana, depois de ter sido, segundo alega, hostilizada por um militante de esquerda. Ela nega todas as acusações e se diz vítima de perseguição.
Mônica Bergamo/Folhapress