Foto: Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual/Arquivo
Roberto Sallouti, CEO do banco BTG Pactual 10 de junho de 2025 | 14:54

CEO do BTG Pactual critica aumento de impostos pelo governo e diz que é ‘mais areia na engrenagem’

economia

O CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, criticou a iniciativa do governo federal de acabar com a isenção de investimentos de renda fixa para compensar a redução das alíquotas do decreto que elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

“O governo tem o privilégio de ser um monopólio de tributar, mas chega um momento que até esse monopólio acaba não funcionando porque a sociedade reage, que é o que a gente está vendo agora”, disse o executivo durante a abertura da Febraban Tech 2025, nesta terça-feira (10).

Para compensar um recuo na alta no IOF, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, propôs o fim da isenção do Imposto de Renda dos títulos de renda fixa como LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio). O governo deve editar uma medida provisória que estabelece que os investimentos passarão a ser tributados com uma alíquota de 5%.

De acordo com Sallouti, é inevitável que o Brasil reveja todas as despesas no Orçamento, já que o arcabouço fiscal vigente ficará insustentável a partir de 2026.

“O caminho que a gente está explorando agora, principalmente de tributos, tem uma consequência, talvez agora seja imperceptível, mas que vai ser perceptível em breve, que é o aumento do imposto no Brasil, o aumento da ineficiência, é mais areia na engrenagem.”

O executivo propôs que a gestão de Lula corte gastos em busca de eficiência, como faz a iniciativa privada. “Temos que encontrar um caminho robusto.”

Marcelo Noronha, presidente do Bradesco, também se manifestou a favor do equilíbrio fiscal via corte de gastos.

“Sempre defendemos o equilíbrio pela despesa e não pela receita, mas eu ressalto também que a nossa postura sempre foi construtiva em relação ao Congresso Nacional, em relação ao Poder Executivo, no sentido de dialogar e de mostrar causas e efeitos para a economia”, disse o CEO.

“São papéis importantes que o mercado emite e são comprados, eminentemente, por uma classe bem abastada. Então, é uma medida a ser discutida. Vamos olhar como o Congresso, esperar para ver. Ainda estou digerindo as medidas, mas temos que ver o pacote final, o que é que vem, porque isso vai transitar ainda”, completou Noronha.

Mario Leão, presidente do Santander Brasil, concordou com os colegas. “Ninguém acorda querendo pagar mais imposto, ninguém acorda querendo fazer a gestão de gastos proativamente, mas são agendas que o Brasil tem que enfrentar de forma definitiva”, afirmou.

Para ele, o país vive um momento crucial de discussão de temas relevantes. “A minha mensagem como Santander é que os debates que estão acontecendo possam evoluir para agendas e reformas estruturantes.”

O CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, pediu a todos que “deixassem de olhar o próprio mundo” para pensar em um país melhor com um olhar de longo prazo. “O nosso partido político é o Brasil, a gente precisa influenciar todos os elos e todos os stakeholders para que a gente possa ter um país melhor todos os dias.”

O presidente Lula (PT) recebe nesta terça o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir os detalhes da redução das alíquotas do decreto que elevou o IOF.

A reunião já estava prevista desde domingo (8), quando Haddad discutiu as medidas com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), além de líderes da base governista nas duas casas.

Ficou acordado que o detalhamento das medidas seria tratado com o presidente nesta terça. O pacote negociado pelo ministro prevê, inicialmente, apenas medidas pelo lado da ampliação da receita. A negociação sobre cortes estruturais de despesas só será feita em um segundo momento.

Pedro S. Teixeira e Júlia Moura, Folhapress
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