22 julho 2025
Deputados e senadores avolumaram uma despesa de R$ 100,5 milhões aos cofres públicos com reembolsos de procedimentos médicos nos últimos seis anos, segundo um levantamento do portal UOL.
A Câmara dos Deputados desembolsou R$ 39,7 milhões entre fevereiro de 2019 e abril de 2025 para cobrir despesas de 584 deputados de diferentes legislaturas, enquanto o Senado ficou fez reembolso de R$ 60,8 milhões entre 2019 e 2024.
De acordo com a reportagem, o deputado baiano Cláudio Cajado (PP) está entre os dez parlamentares da Câmara que mais receberam reembolso por despesas médicas, com R$ 612 mil.
Lidera lista a ex-deputada a Tereza Nelma (PSD-AL), com gasto superior a R$ 2 milhões. Ao UOL, ela disse que foi diagnosticada com câncer 12 anos atrás e que o pagamento foi feito diretamente pela Câmara ao hospital.
Damião Feliciano (União-PB) teve reembolso de R$ 1,7 milhão, seguido da família de José Carlos Schiavinato (PP-PR), morto pela covid-19 em 2021, que recebeu R$ 1,6 milhão em reembolsos entre 2022 e 2024.
Para Celio Moura (PT-TO) o reembolso foi de R$ 875,9 mil, para João Campos de Araújo (Republicanos-GO), R$ 767 mil, ao ex-deputado Nilson Pinto (PSDB-PA) foram destinados R$ 735 mil, e à deputada Elcione Barbalho (MDB-PA), R$ 698 mil.
O UOL afirma ter procurado os dez deputados com maior reembolso – juntos somaram R$ 11 milhões -, que, por sua vez, defenderam a legalidade dos gastos.
Em 2019, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também foi reembolsado em R$ 435,3 mil, em razão do tratamento decorrente da facada que levou na campanha presidencial de 2018, quando ainda era deputado.
O atual presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), recebeu R$ 66,1 mil entre 2019 e 2024.
Na Câmara, não há limite pra cobertura de gastos médicos, mas cada nota apresentada não pode passar de R$ 135,4 mil. Antes era R$ 50 mil, mas o valor foi alterado pelo ex-presidente Arthur Lira (PP-AL) em março de 2021.
As despesas médicas da Câmara fical sob a tutela do segundo vice-presidente, posto que hoje é ocupado pelo deputado Elmar Nascimento (União-BA), a quem cabe aprovar os reembolsos.
O Senado não informa os parlamentares que receberam o benefício, apenas o total pago. A Casa diz que não há teto para a quantidade de pedidos de ressarcimento para senadores, mas os valores de reembolso por procedimento são limitados e seguem cálculos previstos pelo Senado.
Em resposta ao UOL, a Câmara afirmou que apenas despesas do próprio parlamentar são reembolsáveis e que os pedidos devem ser aprovados pela Mesa Diretora, dentro da dotação orçamentária.
Não são cobertas despesas com acompanhantes, tratamentos estéticos ou experimentais, embora o Conselho Diretor do Pró-Saúde possa autorizar “ressarcimento de despesas médico-hospitalares realizadas no exterior para os beneficiários do plano, quando inexistentes ou esgotados os recursos no país, mediante indicação médica, prévia avaliação da unidade administrativa de assistência à saúde e parecer favorável da auditoria médica oficial”.
Conforme o UOL, a assessoria da Casa Alta disse que os afirmou que todos os pedidos “passam por análise técnica da perícia” interna e que os reembolsos não cobrem procedimentos ilícitos, experimentais ou estéticos. Também prevê tratamento no exterior e remoção via UTI aérea, se necessário.
Os 10 deputados que mais receberam reembolso da Câmara por despesas de saúde:
Tereza Nelma (PSD-AL) – R$ 2.069.105,07
Damião Feliciano da Silva (União-PB) – R$ 1.764.193,89
José Carlos Schiavinato (PP-PR) – R$ 1.689.348,02
Célio Moura (PT-TO) – R$ 875.888,66
João Campos de Araújo (Republicanos-GO) – R$ 767.180,12
Nilson Pinto de Oliveira (PSDB-PA) – R$ 735.412,68
Elcione Barbalho (MDB-PA) – R$ 698.138,90
Haroldo Cathedral (PSD-RR) – R$ 660.070,72
Paulo Foletto (PSB-ES) – R$ 653.556,95
Claudio Cajado (PP-BA) – R$ 612.936,53