19 junho 2025
Candidato à presidência estadual do PT, o ex-presidente Jonas Paulo fez um duro protesto contra a direção estadual da legenda e ao modelo de definição das candidaturas internas, nesta quinta-feira (11), durante o único debate que reuniu os postulantes ao comando do partido.
Sem citar nomes, Jonas afirmou que “nenhuma liderança é maior que o PT”, numa alusão ao patrocínio do senador Jaques Wagner à candidatura de Tássio Brito – pretenso sucessor do atual presidente Éden Valadares.
“No momento em que colocaram o companheiro Tasso, cinco correntes criaram um bloco contra o método da escolha, feita em espaços reservados de liderança, seja ela qual for. Porque nenhuma liderança é maior do que o PT e nenhuma liderança é maior ou pode suprimir a democracia interna desse partido”, disse, ao pontuar que considerou “estranha” não ter a presença da gestão atual no debate.
“Com todo respeito, carinho que eu tenho ao companheiro Tasso, mas o presidente tinha a oportunidade de se reeleger, como eu fui eleito, reeleito e elegi o sucessor. Não veio”.
Candidato da chapa com Elen Coutinho, Jonas Paulo ainda refutou a tese de renovação geracional que esbarra nele em razão de já ter presidido a legenda por duas vezes.
“Sim, nós temos que sair uma hora, mas não por decreto de pessoas, inclusive da mesma idade ou mais velho do que nós. Para dizer esses não podem, quem pode são aqueles. Não é assim. Não é assim que se constrói […] Transição geracional? Pronto, que venha a mulher negra, suburbana”, disse em referência a Elen.
Ele contesta que o comando do PT baiano se reduziu a um partido de assessores, que não faz mais o “olho no olho” com a militância.
“Nós não queremos um partido de gabinete, não queremos um partido de ar-condicionado e nós não queremos um partido de assessores. Nós queremos um PT que tenha um presidente, uma presidenta que seja líder tal qual são os líderes do Executivo e do Legislativo. O PT é uma instituição e como tal ela tem que atuar na sociedade com a sua cara, com a sua voz, com a sua política, com a sua representatividade”, continuou.
Ele ainda atribui à executiva estadual, a votação “vergonhosa” do PT nas eleições municipais em Salvador. “Veio um movimento de fora pra dentro, colocando uma candidatura de fora para dentro. E nós tivemos vergonhosos 10% dos votos, elegendo apenas um vereador”.
“O mesmo queria se fazer com o partido. Por isso nós estamos colocando a candidatura. Desculpe, companheiro Tasso, mas quem construiu esse partido, quem pegou em arma para defender a democracia tem um papel central na construção desse momento em que a extrema direita e a direita se organizam para nos derrotar. Essa experiência é fundamental para que a gente possa restabelecer a nossa militância, a nossa capacidade de enfrentar a direita e a extrema direita. E ela está presente na Bahia e coloca em risco o nosso projeto”, emendou Jonas Paulo, ressaltando o desafio de reeleger o governador Jerônimo, “mas com um partido forte”.
Política Livre