Foto: Fernando Frazão/Arquivo/Agência Brasil
Sede da Petrobras 17 de junho de 2025 | 12:03

Em leilão disputado, governo concede 19 novas áreas para exploração de petróleo na Foz do Amazonas

economia

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) concedeu na manhã desta terça-feira (17) 19 novas áreas para exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas, no Amapá, que se tornou foco de protestos de ambientalistas e gera embate dentro do próprio governo.

Os vencedores do leilão foram a Petrobras, as americanas Exxon e Chevron e a chinesa CNPC, com o pagamento de bônus de assinatura acumulado de R$ 844 milhões. O resultado do leilão amplia a área concedida para exploração na bacia, de 5,7 mil para 21,9 mil quilômetros quadrados.

É a primeira vez que áreas na bacia da Foz do Amazonas são arrematadas em leilões do governo desde 2003. Nos últimos anos, dificuldades para a obtenção de licença ambiental afugentaram investidores.

O leilão desta terça, porém, poderia ser a última oportunidade para as petroleiras, já que as manifestações interministeriais que garantem aval ambiental para o leilão vencem nesta quarta-feira (18). A ANP ofereceu 47 áreas.

A Foz do Amazonas é a principal aposta de governo e petroleiras para repor as reservas brasileiras de petróleo após o esgotamento do pré-sal, esperado para a próxima década. Passou a atrair atenção após descobertas gigantes de petróleo na Guiana e no Suriname.

No leilão desta terça, as áreas foram disputados por dois consórcios, um formado por Petrobras e Exxon e outro por Chevron e CNPC. Essas últimas venceram todos os blocos em que houve disputa.

A Petrobras se prepara para realizar um simulado de perfuração de poço em bloco da Foz do Amazonas concedido em 2003, etapa que entende ser a última antes de receber a primeira licença ambiental para explorar petróleo em águas profundas na região.

A sonda que fará o simulado deixou o Rio de Janeiro no dia 7 de junho rumo ao Amapá. Segundo as últimas informações disponíveis no site Marine Traffic, está hoje ancorada perto de Cabo Frio, na Região dos Lagos fluminense.

Com o leilão desta terça, a bacia da Foz do amazonas passará a ter 28 blocos com contratos ativos de concessão —hoje são nove, com uma área total de 5,7 mil quilômetros quadrados, seis deles com a Petrobras como operadora.

A bacia foi a segunda a ser oferecida pela ANP nesta terça. Antes, a agência concedeu um bloco exploratório na bacia do Parecis, no Mato Grosso, onde o setor vê potencial para descobertas de gás natural. O bloco foi arrematado pela estreante Dillianz.

Parecis também é considerada uma bacia de nova fronteira, por ainda não ter produção de petróleo ou gás. Atrai interesse de investidores por estar em uma região que vem experimentando grande crescimento econômico e longe da malha brasileira de gasodutos.

A agência ainda vai leiloar blocos nas bacias de Santos, Potiguar e de Pelotas, outra área que vem atraindo grande interesse do setor de petróleo, pelas semelhanças geológicas com regiões da costa africana que tiveram descobertas recentes de petróleo.

Organizações ambientalistas e representantes de comunidades indígenas realizam desde cedo um protesto na porta do hotel onde o leilão é realizado, na zona oeste do Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal do Pará tentou suspender a oferta na Justiça mas não teve sucesso.

Nicola Pamplona/Folhapress
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