14 julho 2025
Ministros e integrantes do governo que se envolveram em negociações com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) sobre projetos no parlamento afirmam estar decepcionados com ele.
Eles dizem que, ao contrário de Arthur Lira (PP-AL), que era duro, mas cumpria acordos e conseguia liderar os deputados, Motta não consegue entregar o que prometeu e quebra acertos já firmados.
O maior exemplo citado é o da reunião do domingo (8) entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, Motta e líderes partidários para discutir alternativas à alta do IOF proposta pelo governo.
Em entrevista coletiva depois do encontro, Hugo Motta definiu a reunião como “histórica”, e endossou medidas apresentadas pelo governo. Entre os anúncios feitos naquela noite a cobrança de Imposto de Renda (alíquota de 5%) sobre títulos hoje isentos, como Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA).
Foi anunciado também que a taxação das apostas esportivas (bets) subiria de 12% para 18%.Dias depois, ele afirmou que as medidas propostas pelo governo deveriam ter uma reação “muito ruim” no Congresso e entre empresários.
A mudança de tom foi creditada a pressões sofridas por ele de parlamentares e empresários, e a uma suposta “fraqueza” para liderar e fazer valer pontos de vista com os quais ele sinalizava concordância.
Em reunião com empresários na sexta (13), Haddad não criticou Motta. Mas elogiou o ex-presidente da Câmara.
“Na gestão do presidente Arthur Lira (PP-AL), ele disse antes da minha posse, ainda na PEC da Transição, ele falou: ‘Haddad, eu não vou misturar as nossas brigas com o governo com a questão econômica. Nós vamos resolver a questão econômica num outro ambiente”.
Como a Folha mostrou, o presidente da Câmara cedeu a pressão de deputados e ampliou o conflito não apenas com o governo, mas também com o STF. A falta de poder sobre o manejo de emendas parlamentares explicaria a diferença entre a liderança dele e a de Arthur Lira, que conseguiria apoio mais sólido por ter maior liberdade de destinar recursos.
Mônica Bergamo/Folhapress