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Marcelo Câmara foi assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro 18 de junho de 2025 | 18:00

Polícia Federal prende ex-assessor de Bolsonaro réu no processo da trama golpista

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A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira (18) o coronel da reserva Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República.

A decisão foi tomada pelo ministro Alexandre de Moraes após o advogado do militar, Luiz Eduardo Kuntz, enviar ao STF (Supremo Tribunal Militar) mensagens e áudios trocados entre ele e o tenente-coronel Mauro Cid sobre sua delação premiada.

Na decisão sobre a prisão de Câmara, Moraes afirma que o militar cumpria medidas cautelares que o impossibilitava de manter contato com os demais investigados da trama golpista, inclusive por terceiros.

“Dessa maneira, são gravíssimas as condutas noticiadas nos autos, indicando, neste momento, a possível tentativa de obstrução da investigação, por Marcelo Costa Camara e por seu advogado Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz, que transbordou ilicitamente das obrigações legais de advogado”, diz Moraes.

O ministro ainda determinou a abertura de um inquérito contra o advogado e o réu pelo possível crime de obstrução de investigação. Kuntz, Câmara e Mauro Cid devem ser ouvidos pela Polícia Federal em até 15 dias.

O advogado Luiz Eduardo Kuntz enviou na terça-feira (17) ao STF fotos, áudios e mensagens de conversas que ele diz ter mantido com Mauro Cid de 29 de janeiro a 13 de março de 2024 pelo aplicativo Instagram.

No diálogo, Cid supostamente conta detalhes de seus depoimentos à Polícia Federal e faz desabafos sobre a falta de apoio de seus antigos aliados.

“O mais foda é sentir que eu estou ferrando todo mundo”, diz uma das mensagens. “Fruto de uma perseguição que eu não tive maldade que iria acontecer”.

Kuntz apresentou o material ao Supremo para alegar que a delação de Cid deveria ser anulada por falta de voluntariedade do colaborador. O motivo seriam mensagens do militar dizendo que a Polícia Federal apresentava uma versão sobre a trama golpista de 2022 diferente da que ele alegava delatar.

“Eu fui bem claro lá… Pr (Jair Bolsonaro) não iria dar golpe nenhum… Ele estava mal”, diz uma das mensagens supostamente enviadas por Cid. “Ele queria encontrar uma fraude nas urnas… De forma oficial pelo partido. Muita gente estava tentando ajudar a encontrar uma fraude”.

Nos diálogos, Kuntz faz perguntas para Cid específicas sobre o que havia dito sobre Câmara à PF. “No seu acordo, vc tinha incluído deixar o Câmara de fora Tb ou ele não?”, perguntou.

“Pedi para o Dr Cezar verificar isso”, teria respondido Cid, em referência a seu advogado, Cezar Bittencourt. “Pq ele havia me dito que ele aceitou tudo”.

Em outro momento do diálogo, o perfil que seria usado por Cid pergunta ao advogado o que Marcelo Câmara havia falado sobre a acusação de monitoramento ilegal de Moraes —citado na conversa com o codinome “professora”.

Kuntz nega ter havido monitoramento paralelo ou uso de equipamentos sofisticados para saber a localização do ministro. Ele tentou ainda confirmar com Cid a informação de que o codinome “professora” não havia sido combinado entre os dois réus antes.

“Se puxar todas as conversas não vai ter isso”, perguntou Kuntz. O perfil que seria usado pelo militar respondeu: “Nunca vai ter nada”.

Marcelo Câmara é réu no STF sob a suspeita de monitorar a localização de Alexandre de Moraes no fim de 2022 para uma eventual prisão em meio à trama golpista. Ele nega as acusações.

Cézar Feitoza/Folhapress
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