23 julho 2025
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Robinson Almeida (PT), defendeu que seria mais benéfico para o PT se divorciar do PCdoB e do PV e sair da Federação Brasil da Esperança.
Conhecido por seu perfil crítico e opiniões contundentes, o parlamentar não tergiversou ao ser perguntado por este Política Livre sobre o cenário eleitoral de 2026 e as condições de disputa do PT dentro da federação. No mês passado, o Política Livre mostrou que no bastidor de Brasília já havia “burburinhos” sobre o possível fim da aliança entre os três partidos e repercutiu o fato com os deputados federais Daniel Almeida e Alice Portugal, ambos do PCdoB. Na ocasião, eles se declararam contrários a qualquer movimentação para encerrar a aliança (leia aqui).
Na avaliação de Robinson Almeida, “a federação foi ruim para o PT na Bahia”. Ele também foi categórico ao afirmar que se depender da opinião dele, a aliança não terá continuidade. Segundo o deputado, o desempenho geral é que, não somente na Bahia, mas na maioria dos estados há um balanço negativo da federação.
“A federação foi criada fundamentalmente em torno da eleição presidencial, da demanda de partidos pequenos como o PCdoB e o PV, com poucos deputados federais, de buscarem um arranjo que dessem uma sobrevivência eleitoral. Então, esse é um fator determinante, não foi uma escolha dos diretórios estaduais, dos diretórios municipais e como tem uma implicação de longevidade de quatro anos, acaba levando para os municípios uma situação que não há nenhum tipo de identidade dos partidos federados naquele município, uns estão no governo, outros estão na oposição e há uma situação imposta que se unam para poder disputar uma eleição. Aí você acaba com um partido por conta dessa imposição”, afirmou.
PED
Na entrevista, Robinson Almeida também repercutiu as declarações que a ex-vereadora e ex-vice-prefeita de Salvador Bete Wagner deu ao PolíticaPod, podcast do Política Livre, na última semana. Entre outras críticas, ela chegou a afirmar que existem “oligarquias” dentro do PT.
“Creio que essa denominação não corresponde à realidade partidária. O PT não é um partido de famílias, é um partido de militantes”, disse Robinson, que é um dos principais fiadores da candidatura da militante Ana Carolina, opositora de Bete Wagner na disputa à presidência do PT de Salvador. Quanto à falta de protagonismo da legenda nas três últimas eleições municipais, o deputado disse concordar com as críticas e citou que houve um “desacúmulo” em Salvador.
“Concordo que desde 2012, com a disputa com o Pelegrino, o PT desacumulou em Salvador. Em 2016 não teve candidato próprio, em 2020 importou uma candidatura, que foi a da Major Denice e, em 2024, apoiou um candidato externo. Isso fez com que o partido não acumulasse um projeto, uma elaboração para Salvador de forma densa no último período, mas isso não significa que o partido não mantenha um enraizamento social na cidade, que não seja uma alternativa de poder em Salvador”, frisou.
Ainda de acordo com o deputado, o PED do PT já é uma preparação para eleição de 2028 onde a corrente em que ele faz parte, a Democracia Socialista (DS), defende candidatura própria para a Prefeitura de Salvador.
“Precisamos de um projeto alternativo para a cidade, especialmente, para trabalhar com a inclusão social, com o desenvolvimento econômico porque o grupo que está aí há 15 anos rebaixou Salvador para a segunda divisão. Salvador perdeu a força de ser a maior e mais desenvolvida capital do Nordeste para Fortaleza. Salvador, nos índices de qualidade de vida, está atrás de várias cidades baianas. Salvador ostenta índices muito negativos em relação à creche, ao cuidado com crianças, a proteção social, então Salvador precisa de um novo projeto e o PT, a partir dessa eleição interna que ocorre em julho, já começa a preparação e a organização”, adiantou.
Carine Andrade