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Flávio Matos e Elinaldo Araújo 23 de julho de 2025 | 16:18

Camaçari: Grupo de Elinaldo vê com “alívio” saída de Flávio Matos por “traição” contra ex-prefeito

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Camaçari vive nos bastidores políticos uma espécie de “terceiro turno” das eleições de 2024. O pano de fundo é o afastamento entre o ex-presidente da Câmara Municipal Flávio Matos e o grupo liderado pelo ex-prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil), que o lançou como candidato à sucessão na última disputa municipal. Derrotado por Luiz Caetano (PT), em uma eleição apertadíssima, Flávio agora traça voo solo rumo à Câmara dos Deputados, após deixar o União Brasil e migrar para o PL.

Para o grupo de Elinaldo, a saída de Flávio foi recebida com alívio. Fontes próximas ao ex-prefeito relatam que o clima de desconfiança em torno do ex-vereador já vinha se instalando há meses, praticamente desde o fim da eleição de 2024. “Ele começou a dar sinais claros de que não respeitaria mais os acordos. Agia como se os 70 mil votos fossem mérito exclusivo dele, ignorando o esforço coletivo que sustentou sua candidatura”, afirmou uma liderança que preferiu não se identificar.

Embora Elinaldo tenha sido o principal avalista de Flávio nos últimos anos, a decisão de deixar o União Brasil e romper com o grupo foi vista como traição. “Foi uma verdadeira punhalada nas costas de Elinaldo, que sempre fez tudo por ele”, diz um aliado histórico do ex-prefeito. Integrantes do grupo de Elinaldo dizem que, se dependesse da opinião das principais lideranças, Flávio jamais teria sido alçado à liderança do governo, à presidência da Câmara e, por fim, à candidatura majoritária. Só foi com o aval e articulação de Elinaldo.

Nos bastidores, integrantes do “time azul” relatam que Flávio passou a ter um perfil desagregador, difícil de lidar, após ter sido escolhido candidato a prefeito. Segundo aliados de Elinaldo, as atitudes dele afastaram pessoas importantes do projeto político, como o ex-vereador Junior Borges e o vereador Dilson Magalhães Jr., entre outros, que acabaram migrando para o grupo de Caetano ainda no segundo turno.

Ele teria articulado nos bastidores para retirar lideranças e apoiadores de candidatos a vereador de seu próprio grupo, como Junior e Dílson, para favorecer aliados mais próximos, movimento que gerou desconforto e rachaduras internas. “Essa forma de agir desgastou ainda mais a confiança nele”, diz um ex-aliado.

Outro ponto de atrito foi o suposto descumprimento de um acordo firmado dentro do grupo, que previa apoio conjunto ao deputado federal Paulo Azi e ao deputado estadual Manuel Rocha para a Câmara Federal. Ao anunciar sua pré-candidatura, Flávio teria rompido com esse compromisso, embora nos bastidores diga que o acordo jamais existiu, versão prontamente desmentida por Elinaldo durante entrevista recente. O acordo, segundo o ex-prefeito, sempre foi para apoio do grupo a Elinaldo para deputado estadual e Azi e Rocha para federal.

Lideranças do ex-prefeito dizem que nenhum vereador do grupo manifesta apoio à pré-candidatura de Flávio. Inclusive, os vereadores até teriam ficado aliviados por não terem mais compromisso com os cargos do ex-presidente na Câmara. “Elinaldo fez questão de, ele próprio, articular para garantir estrutura para Flávio. Agora, ele mesmo rompeu o acordo”, confidenciou um aliado do ex-prefeito.

A avaliação interna é de que sua postura comprometeu a unidade do bloco oposicionista, e sua saída abriu caminho para uma reconstrução interna mais harmônica. Publicamente, Elinaldo tem evitado fazer críticas mais contundentes a Flávio, mas a aliados próximos não esconde a “mágoa e a decepção” com a postura do ex-presidente da Câmara.

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