Foto: Reprodução/Instagram
Eleição do Partido dos Trabalhadores (PT), realizada na tarde dedomingo (6), na sede da sigla em Aracaju (SE) 07 de julho de 2025 | 19:45

Eleição do PT termina com soco na cara de mulher em Sergipe

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Uma mulher foi agredida com um soco na cara durante o PED (Processo de Eleição Direta) do PT, neste domingo (6). Ela atuava como fiscal da votação em Sergipe, onde os militantes, além da direção nacional, elegeram os dirigentes estaduais da legenda.

A vítima é Layanne Carvalho, 36, chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Juventude do governo federal. Segundo ela, o agressor é um militante conhecido como “Gaguinho”, que tentava orientar sua esposa no momento do voto —o que é proibido, já que o processo voltou a ser feito com cédulas de papel e exige voto secreto.

Ao ser advertido verbalmente por Layanne, ele reagiu com um soco na cabeça da fiscal, que caiu no chão. “Conheço ele desde que entrei no partido, há 17 anos, mas nunca fui próxima. Não sei se é do feitio dele ser explosivo assim. Mas não há justificativa para o que aconteceu — e nem para bater em mulher”, afirmou.

“Gaguinho” é Marinaldo Alves Santos, 68, apoiador do senador Rogério Carvalho (PT-SE), que foi eleito no mesmo dia presidente do diretório estadual com mais de 70% dos votos. O agressor não foi localizado pela reportagem.

O Processo de Eleições Diretas (PED) do PT é um mecanismo criado pelo partido para escolher dirigentes em todos os níveis —municipal, estadual e nacional— por meio do voto dos filiados. A atual edição marcou a retomada do uso das cédulas físicas após experiências com sistemas digitais em pleitos recentes.

Layanne foi para o pronto-socorro. Depois, registrou Boletim de Ocorrencia contra Gaguinho na 2ª Delegacia Metropolitana de Aracaju, nesta segunda (7).

Ela recebeu apoio imediato de militantes de diferentes chapas, especialmente de mulheres. No entanto, disse não ter se sentido acolhida pelo senador. “Ele estava presente e nem foi até mim, nem mandou mensagem depois”, contou.

Procurado, Rogério Carvalho afirma que se manifestou por meio de nota da chapa “Militância Presente”, da qual faz parte. O texto repudia a agressão e afirma que a executiva estadual e a comissão de ética do PT foram acionadas para apurar o caso com urgência.

“Reafirmamos, com toda firmeza, que o Partido dos Trabalhadores não tolera, não relativiza e não acoberta comportamentos machistas, misóginos ou violentos. Nosso compromisso histórico com a defesa dos direitos das mulheres é inegociável. Qualquer membro ou filiado que se desvie desse princípio será responsabilizado política e eticamente”, diz a nota.

Até a publicação desta reportagem, o Diretório Estadual do PT não havia se manifestado oficialmente sobre o episódio.

“Me sinto acolhida pelos meus companheiros de chapa, mas não pelo diretório estadual”, afirmou Layanne.

Mônica Bergamo/Folhapress
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