28 julho 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, por meio de nota, o aumento da sobretaxa de 10% para 50% sobre produtos importados do Brasil, imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (9) e disse que a medida será respondida por meio da lei de reciprocidade.
“É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos”, escreveu Lula no X (antigo Twitter).
O governo convocou uma reunião de última hora nesta quarta-feira (9) com ministros para discutir a decisão de Trump de aumentar para 50% a taxação extra sobre produtos brasileiros.
“O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém. O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais. No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática”, diz ainda a nota.
A posição dos Estados Unidos foi anunciada em uma carta endereçada nominalmente a Lula, com citação direta ao tratamento dado pelo Brasil para Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a carta, as tarifas serão cobradas a partir de 1º de agosto. Trump fala em ordens “secretas e ilegais” emitidas contra plataformas de mídia nos Estados Unidos, e violação à “liberdade de expressão de americanos”, com menções diretas o STF (Supremo Tribunal Federal).
Mais cedo, o presidente americano já havia ameaçado elevar as tarifas. “O Brasil, por exemplo, não tem sido bom para nós, nada bom”, afirmou Trump.
Aliados do governo Lula viram o anúncio de Donald Trump como uma interferência direta no processo político brasileiro, com o objetivo de beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e apoiadores, e avaliam que é preciso vincular os prejuízos econômicos gerados pela medida de Washington à oposição.
Estiveram presentes na discussão sobre a resposta a Trump os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), além do vice-presidente Geraldo Alckmin.
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Mariana Brasil/Catia Seabra/Ricardo Della Coletta/Folhapress