28 julho 2025
O ministro da Secretaria de Comunicação do governo Lula, Sidônio Palmeira, vai mudar de estratégia para tentar reconectar o presidente com o eleitorado e se distanciar politicamente do Centrão. O slogan “União e Reconstrução” será substituído por uma nova marca que ressalte o enfrentamento a privilégios, justiça social e patriotismo. A mudança ocorre a pouco mais de um ano das eleições de 2026 e busca reforçar que o governo tem um lado claro, usando como eixo a ideia de que combater privilégios abre espaço para o progresso da maioria da população, incluindo a classe média.
Segundo o Estadão, o novo mote foi impulsionado pela recente crise entre o governo e o Congresso em torno do decreto que aumentava a alíquota do IOF, derrubado com apoio de partidos do Centrão. A reação do Planalto incluiu uma campanha digital contra os “Bilionários, Bancos e Bets” (BBB) para sustentar a proposta de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. A repercussão positiva da campanha nas redes sociais fortaleceu a decisão de adotar uma comunicação mais combativa e voltada para os 99% da população.
Sidônio assumiu o cargo em janeiro com a missão de recuperar a popularidade de Lula, mas até agora enfrenta dificuldades, inclusive com perda de apoio no Nordeste. Sidônio tem centralizado as decisões de comunicação e exige que todas as ações dos ministérios passem por sua pasta. Segundo ele, o governo precisa mostrar resultados e enfrentar uma oposição ativa, que tem usado com eficiência as redes sociais.
Internamente, Sidônio lida com pressões e críticas. Foi convocado para prestar esclarecimentos na Câmara após postagens que chamaram o Congresso de “mamata” e criticaram o presidente da Casa, Hugo Motta. Ele conseguiu adiar sua ida para agosto, apostando que até lá o novo slogan estará em circulação. Enquanto isso, continua insistindo que Lula participe mais da comunicação direta com a população, apesar da resistência do presidente em dar entrevistas com frequência.
O publicitário, que liderou a campanha de Lula em 2022, completa seis meses à frente da Secom enfrentando uma série de crises — 12, segundo seus assessores. De fake news sobre o Pix a problemas com programas sociais, Sidônio tenta consolidar uma narrativa mais forte para o governo. Segundo ele, seu papel não tem ambição política e é guiado por compromisso técnico. A nova fase da comunicação deve unir o discurso social com uma dose de nacionalismo, especialmente após declarações do ex-presidente Donald Trump que impactaram a relação comercial entre Brasil e EUA.
Política Livre