12 dezembro 2024
Criada no apagar das luzes do governo Jair Bolsonaro (PL) e recém-revogada pelo atual Ministério dos Direitos Humanos, a Ordem do Mérito Princesa Isabel homenageou em sua grande maioria políticos, religiosos e ativistas vinculados ideologicamente à gestão anterior.
Na lista de 120 pessoas agraciadas com a honraria estão ex-ministros como Marcelo Queiroga (Saúde), Anderson Torres (Justiça) e Damares Alves (Direitos Humanos) e deputados federais bolsonaristas como Bia Kicis (PL-DF), Osmar Terra (MDB-RS) e Soraya Santos (PL-RJ).
A relação tem ainda diversas pessoas e entidades que se declaram “pró-vida”, ou seja, contrárias ao aborto, além de defensoras de formas tradicionais de casamento e contra debates sobre identidade de gênero.
Entre elas estão as igrejas evangélicas Assembleia de Deus, Evangelho Quadrangular e Sara Nossa Terra, o bispo católico Dom José Luis Hermoso, de Breves (PA) e a Rede Nacional em Defesa da Vida e da Família.
Há ainda empresários próximos ao bolsonarismo, como Elie Horn, da Cyrela, além de policiais civis e do ex-corregedor da Polícia Rodoviária Federal Wendel Benevides, recém-afastado do cargo por suspeita de parcialidade na condução dos processos envolvendo a atuação da instituição no segundo turno das eleições.
A diplomata venezuelana Maria Teresa Belandria, que era reconhecida por Bolsonaro como embaixadora no Brasil do autoproclamado presidente Juan Guaidó, também recebeu a comenda, assim como dom Gabriel de Orleans e Bragança, representando a família imperial.
O próprio Bolsonaro e a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foram agraciados com o prêmio.
Na minoria de condecorados que não têm ligação com o bolsonarismo estão a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a ex-modelo Luiza Brunet.
A maioria dos homenageados recebeu a Ordem numa cerimônia em 19 de dezembro –apenas 26 não estiveram presentes nem mandaram representantes.
A Ordem do Mérito Princesa Isabel foi criada em dezembro do ano passado pelo governo Bolsonaro. Sua revogação pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva dará lugar a um prêmio homenageando o líder negro abolicionista Luiz Gama (1830-82).
Fábio Zanini, Folhapress