26 novembro 2024
Primeiro bisneto do ex-senador, ex-governador e ex-prefeito de Salvador Antônio Carlos Magalhães e neto do ex-deputado federal Luís Eduardo Magalhães, o futuro publicitário Luiz Eduardo Magalhães Guinle já decidiu que será candidato a deputado federal nas eleições de 2026. Nesta entrevista exclusiva ao Política Livre, o filho único de Carolina, filha mais nova de Luís Eduardo, fala pela primeira vez sobre o projeto, que tem o incentivo familiar.
Aos 22 anos, Guinle, que é assessor especial na Prefeitura paulista de Jundiaí, diz que pretende retornar em definitivo à Bahia no início do ano que vem, já formado – ele se mudou para estudar. Seguindo os passos do avô, que foi candidato a deputado estadual pela primeira vez aos 23, busca aprofundar os conhecimentos sobre os problemas que afligem os baianos e tem percorrido o interior do Estado.
Guinle afirma que ainda é cedo para definir um partido, mas admite que tem boas relações e afinidades com o PSDB. Na entrevista, ele trata ainda de projetos que pretende implementar e da relação com o primo ACM Neto (União), ex-prefeito de Salvador.
Confira abaixo a íntegra da entrevista:
Política Livre – Você já decidiu que será candidato a deputado federal em 2026?
Luiz Eduardo Magalhães Guinle – As pessoas sempre me perguntam isso. Eu digo que tenho o sonho de ser deputado federal. De modo que hoje estou decidido a entrar na disputa eleitoral em 2026. Eu vinha dizendo que gostaria de disputar uma eleição, mas não sabia ainda se seria a deputado estadual ou federal. Mas agora já há uma decisão nesse sentido.
Já está conversando com algum partido?
Ainda não defini partido. As pessoas com quem me aconselhei falaram que eu posso definir isso em 2026. É algo que não vou pensar neste momento. Até porque teremos eleições municipais em 2024 e as coisas acabam mudando. Se você assume um compromisso com partido agora, depois das eleições a posição desse partido pode mudar e eu não concordar. Prefiro deixar isso para 2026.
Mas já houve convite?
Nunca tive convite formal, até porque está muito longe. Mas poderia dizer que tenho proximidade com o PSDB e com o presidente estadual do partido, o deputado federal Adolfo Viana. Também tenho uma amizade com o deputado estadual Jordávio Ramos (PSDB), com o deputado estadual Tiago Correia (PSDB), com o ex-deputado estadual Paulo Câmara (PSDB), mas não há nada definido. É um partido com o qual tenho uma identificação ideológica. Mas também vou procurar um partido onde possa ter uma função partidária, para que eu possa contribuir de uma forma mais direta, ajudando a trazer mais filiados, por exemplo. Por isso, vamos aguardar para ver como irão ficar os partidos depois das eleições de 2024, tanto em tamanho como influência.
Qual é a sua corrente ideológica de pensamento político? Você também está ali no campo de centro-direita, como seu avô, Luís Eduardo Magalhães?
Eu costumo dizer que num Estado como a Bahia, com muita desigualdade, fica difícil falar em um certo campo ideológico no qual eu possa me encaixar. Eu tenho um pensamento muito parecido com o de meu avô, mas é sensível esse tipo de rótulo. Quando a gente fala que é de centro-direita, por exemplo, as pessoas logo acham que somos a favor de privatizar tudo e não é verdade. Algumas empresas públicas têm valor social importante e isso precisa ser discutido melhor, enquanto outras, por conta da abertura do mercado e da concorrência, devem ser privatizadas sim, como é o caso dos Correios. Ao mesmo tempo, com muitas desigualdades, precisamos defender políticas públicas firmes para ampliar o acesso à saúde, à educação, o que já é mais identificado como de centro-esquerda. De modo que não acho pertinente neste momento essa questão de rótulo.
Embora deseje ser candidato a deputado federal pela Bahia, você hoje trabalha na Prefeitura de Jundiaí, município paulista. Quando pretende retornar de vez a solo baiano?
Fui a São Paulo para estudar. Curso publicidade e os planos são de retornar à Bahia no início do ano que vem, após a formatura no final de 2023. A minha ligação familiar e pessoal é com a Bahia, sempre foi, e não cogito entrar para a política representando outro Estado. Apesar de trabalhar em São Paulo, estou sempre na Bahia. Eu acompanhei de perto, visitando municípios, as eleições de 2022 em solo baiano. A convite do meu amigo e presidente do PSDB da Bahia, Adolfo Viana, acompanhei o processo eleitoral como espectador é fui a diversas regiões. Tive a oportunidade de conhecer mais a fundo o meu Estado. Este ano já estive algumas vezes no Oeste e em vários municípios. Recentemente, conversei com amigos de Camaçari sobre a política local. Tenho andado e procurado conhecer cada vez mais a Bahia e suas peculiaridades regionais.
Em Jundiaí, onde é assessor da Prefeitura, você desenvolve projetos relacionados à primeira infância. Fale um pouco dessas iniciativas.
Como assessor especial do prefeito, atuo com foco em investimentos e ações na primeira infância, e não apenas na escola, mas em construir uma cidade voltada para esse público de zero a seis anos de idade. A gente acredita que 80% da capacidade motora, sensitiva e cognitiva é desenvolvida na cidade. Então, a mobilidade, a infraestrutura, a arborização, a saúde, a educação, a assistência social, tudo deve ser voltado também para as crianças, para formar cidadãos do bem. Naturalmente, com isso, você diminui, no futuro, problemas como o desemprego e a insegurança. Buscamos tratar a criança como futuro cidadão, criar o ambiente favorável para que ela se devolva praticando o bem comum. Para colocar projetos em prática, buscamos também investimentos junto à iniciativa privada e institutos como o Comunitas, que tem em seus quadros diversos governadores. Além disso, estou sempre auxiliando o prefeito.
Sua família apoia as suas pretensões políticas?
Eles estimulam. Acho que a minha família vê que eu sempre tive interesse por política. Quando você faz parte de uma família que tem um tio, um avô jornalista, é mais fácil que você siga nessa profissão do que um amigo ou colega que não tem. O mesmo vale para o engenheiro, o advogado, o político. Meu avô Luís Eduardo e meu bisavô Antônio Carlos Magalhães são pessoas sobre as quais sempre ouvi muitos elogios e fiquei interessado por política desde jovem, ouvindo isso. Sempre gostei de palpitar sobre as eleições presidenciais e para governador desde os dez ou 12 anos. Adorava participar de pesquisas sobre isso. Ao mesmo tempo em que estava insatisfeito em estagiar no mercado financeiro, já gostava de acompanhar política. Participei de várias sessões e homenagens ao meu avô em Brasília e na Bahia. Durante meu período universitário em São Paulo, que estou concluindo, comecei a procurar trabalhar com isso, a conhecer essa parte técnica da política, as políticas públicas, as entregas, o funcionamento das secretarias e passei a gostar bastante. Vi que era algo com o que gostaria de trabalhar para ajudar as pessoas e tinha a inspiração do meu avô e de como as pessoas tratavam e lembravam dele não só como parlamentar que foi, mas também como presidente da Câmara Federal. Em abril de 2018, estive no Congresso para participar de uma sessão especial em homenagem a ele pelos 20 anos de falecimento e achei encantador pessoas dos mais diversos pensamentos, dos extremos do Psol ao bolsonarismo, dizendo que era de pessoas como Luís Eduardo que o Brasil precisava para que houvesse mais diálogo entre os diferentes. Meu avô, me diziam, sentava na mesa para discutir um projeto ou uma emenda à Constituição para buscar chegar a um caminho comum, ao invés de promover uma guerra ideológica. Então, meu avô sempre me inspirou muito nesse sentido pela forma como as pessoas o tratavam e o tratam. Ele buscava soluções para o Brasil por meio do diálogo e da busca de pontos comuns.
Seu avô também tinha a fama de cumpridor de acordo e de não herdar os adversários políticos do pai dele, tanto que tinha excelentes relações com o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) e o senador Jaques Wagner (PT). Então você se identifica mais com o estilo conciliador e não com aquele que não evita entrar numa boa briga?
Ainda não tenho mandato, então não posso dizer de prontidão. Mas se fosse falar agora, o meu perfil como pessoa conta. Isso vai da personalidade de cada um. Nas eleições presidenciais do ano passado, por exemplo, vimos muitas famílias e amigos discutindo sobre política, em quem votar para presidente, cada um com seus argumentos. Eu buscava respeitar todas as visões, sem fazer julgamentos, enquanto vimos muitas pessoas brigando e desfazendo relações por conta da campanha. Nas minhas andanças pelo interior para acompanhar o processo eleitoral em 2022, o meu tratamento era igual com qualquer pessoa, independentemente do pensamento ideológico ou das escolhas de cada um. O importante é você não ter preconceito para dialogar com quem pensa diferente de você. Claro que não vou tratar da mesma forma quem for um completo mal educado e desrespeitoso, mas também não vou responder da mesma forma agressiva. Não é do meu perfil, da minha personalidade.
E como é sua relação com o primo ACM Neto (União), ex-prefeito de Salvador?
A gente tem uma boa relação. Já conversei com ele sobre a minha vontade, o meu sonho, de entrar para a política. Tenho uma relação amistosa com ele. Naturalmente que pela idade e por sermos primos de segundo grau não tive uma convivência grande com ele durante a minha criação. Então, é uma relação amistosa. Adoro meu primo, acho que ele é um excelente político, foi um grande prefeito de Salvador, mas não tenho uma proximidade muito grande.
Ele estimula o seu sonho de ser deputado federal?
Estimulou, sim. Ele falou que achou legal. Fez até um comparativo, lembrando que começou a entrar na política no período em que meu avô Luís Eduardo foi pré-candidato a governador, fazendo a coordenação jovem da campanha.
Você disse que acompanhou as eleições de 2022 na Bahia. Como viu o resultado da disputa para governador, quando seu primo, então favorito, não obteve êxito?
Acho que houve uma influência muito grande da eleição nacional na Bahia. Foi o que a gente observou. As pessoas falavam muito bem de ACM Neto, mas teve o impacto muito grande da força que o atual presidente da República também exerce no Estado. Mas meu primo é jovem e tenho certeza que também vai buscar e realizar os sonhos dele, para os quais se preparou. Como eu disse, ele foi um excelente prefeito, fez o sucessor, Bruno Reis (União), que também tem feito um grande trabalho.
Como avalia esse início de gestão do governo Jerônimo Rodrigues (PT)?
Estou na torcida para que dê certo. Acho que ainda é cedo para a gente falar alguma coisa mais concreta, definitiva, mas não sou do tipo que torce pelo pior só porque a pessoa está em outro campo político ou tem pensamentos ideológicos divergentes. Para a Bahia, o bom é que o governo dê certo e consiga avançar em áreas onde apresenta problemas herdados do mesmo grupo político, que está no poder há quase duas décadas. Então, claro que há um cansaço natural, mas vamos torcer para que avance.
Política Livre