23 novembro 2024
A decisão de Adolfo
Independentemente da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adolfo Menezes (PSD), está decidido a ser candidato a uma segunda reeleição para o comando da Casa. O martelo foi batido em uma reunião com aliados próximos logo após a votação, nesta terça-feira (19), da PEC da Reeleição. O posicionamento do PT de apoiar a PEC, mas se recusar a respaldar a recondução de Adolfo, acabou por unir ainda mais os articuladores do terceiro mandato.
Contando os votos
O entendimento é que Adolfo tem hoje 45 votos garantidos sendo candidato à reeleição, inclusive dois do PT: Júnior Muniz e Euclides Fernandes. Além disso, a avaliação é que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) não irá atuar para impedir uma nova recondução do aliado, que não provoca dores de cabeça no Executivo, na medida em que nunca foi um “pedinte”, e nem atrapalha as votações do governo, ao contrário do que fazia o ex-presidente Marcelo Nilo (Republicanos), considerado mais jogo duro.
Resistência ao PT
“Não há o menor clima para a Assembleia ter um presidente do PT, ainda mais depois que eles indicaram Paulo Rangel ao TCM”, disse à coluna um dos deputados da linha de frente de Adolfo. Ou seja, as articulações do líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), para suceder o atual presidente não devem vingar, não importa quantos forem os pareceres jurídicos encomendados. E sem o respaldo de Jerônimo, poucos acreditam que os petistas irão acionar o Judiciário contra Adolfo, antes ou depois da eleição da Mesa.
Insegurança jurídica
Mesmo assim, a estratégia do PT seguirá a mesma: tentar convencer os deputados de que não há segurança jurídica para Adolfo ser reeleito pela segunda vez, com base no que já decidiu o STF ao permitir apenas uma recondução. A dificuldade, no entanto, é que a Casa rejeita a possibilidade de um presidente petista. E mais: não há uma candidatura forte à sucessão posta em nenhuma sigla da base. A tal insegurança jurídica só torna mais intensa, no momento, a briga pela vice de Adolfo.
Dois de sempre
Na votação da PEC da Reeleição, o curioso é que os únicos dois votos contrários foram dados justamente pelos parlamentares que não votaram em Adolfo Menezes na reeleição de fevereiro de 2023: Hilton Coelho (Psol), que foi candidato a presidente na ocasião, e Júnior Nascimento (União), adversário do chefe do Legislativo em Campo Formoso. Durante a sessão de votação da PEC, Adolfo chegou a dizer que Hilton e o Psol “eram sempre contra tudo”.
Recado de Otto
O que causou surpresa na votação da PEC da Reeleição foi a ausência do deputado Eduardo Alencar (PSD), irmão do senador Otto Alencar (PSD). Para alguns aliados de Adolfo, foi um recado claro de Otto de que não concorda com a segunda reeleição do presidente da Assembleia – o senador já se manifestou contrário, embora tenha mudado de postura ao longo do tempo. O detalhe é que Eduardo Alencar passou o dia de ontem na Assembleia e foi visto minutos antes da votação em plenário exibindo máxima tranquilidade. Ou seja, não compareceu para votar porque não quis.
Sem coração
Entre os apoiadores de Adolfo Menezes, há quem espere um posicionamento a favor da reeleição do parlamentar do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Afinal, o presidente da Assembleia foi um dos fiadores da eleição da ex-primeira-dama Aline Peixoto ao TCM, em 2023, enfrentado até mesmo Otto e o senador Jaques Wagner (PT). Outros aliados de Adolfo são mais pessimistas. “Rui não tem coração”, disse um deles à Radar do Poder.
Olho em Brasília
Da bancada do deputado federal Elmar Nascimento (União) na Assembleia, apenas o primo dele, Júnior Nascimento, votou contra a PEC da Reeleição, como havia anunciado. Entretanto, o posicionamento dos demais não deve ser mais a favor de Adolfo quando ocorrer a eleição da nova Mesa Diretora, em fevereiro de 2025, mesmo se o atual presidente tiver como adversário um petista. Vale lembrar que Elmar articula o apoio do PT para suceder o deputado Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara Federal.
Novos aliados
Como informou a Radar do Poder da semana passada, Jerônimo voltou a receber em Salvador comitivas formadas por deputados estaduais e prefeitos do interior. Na semana passada, por exemplo, ele esteve com o deputado Vitor Azevedo, que é do PL, mas apoia o governador desde o segundo turno da eleição de 2022, acompanhado de cinco gestores municipais, em agenda institucional. Azevedo, por sinal, tem se movimentado para atrair prefeitos da oposição, inclusive do União Brasil, para a base governista.
Esvaziamento
O Palácio Thomé de Souza fechou o certo para enfraquecer o Solidariedade e o Podemos nas eleições para a Câmara Municipal de Salvador. Aliados do prefeito Bruno Reis (União) têm se movimentado para atrair candidatos a vereador das duas siglas para partidos da base, a exemplo do DC e do PRD. Vale lembrar que Solidariedade e Podemos eram, até 2023, aliados de Bruno, mas hoje estão na base do Executivo estadual e vão apoiar candidatura do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) à Prefeitura.
Chorando ajuda
Do União Brasil, quem está mais preocupada com a reeleição na Câmara Municipal é a vereadora licenciada e atual secretária de Sustentabilidade Resiliência e Bem-estar e Proteção Animal de Salvador, Marcelle Moraes. Ela é vista quase que diariamente “chorando” por ajuda na Prefeitura. E ainda tem como maior adversário o irmão, o ex-deputado e ex-vereador Marcel Moraes (PSDB), que lançou como postulante a uma cadeira no Legislativo Carol dos Animais, outra defensora da causa dos bichos bem no estilo da família.
Sem parentes
Presidente do MDB de Salvador, Lúcio Vieira Lima garantiu que nenhum parente de Geraldo Júnior será candidato a vereador de Salvador. Havia a especulação de que o pai do vice-governador, o ex-vereador Super Geraldo, ou o irmão, o atual diretor-geral da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI) do governo da Bahia, José Acácio Ferreira, pudessem entrar na disputa no ninho emedebista.
Debinha reafirmada
Presidente do PDT da Bahia, o deputado federal Félix Mendonça se reuniu esta semana com a vereadora Débora Régis, filiada ao partido, e reafirmou que ela será candidata a prefeita de Lauro de Freitas. O encontro contou com a presença do ex-deputado federal José Carlos Araújo, vice-presidente pedetista e articulador do ingresso de Débora na legenda, em 2022. A reunião aconteceu dias após o deputado federal Leo Prates, também do PDT, defender a candidatura do empresário Teobaldo Costa (União).
Desanimado
O empresário Antônio Tadeu está desanimado com a pré-candidatura a prefeito de Luis Eduardo Magalhães, na região Oeste, pelo PL. Uma péssima notícia para a sigla, já que o município é um dos poucos redutos bolsonaristas na Bahia. Mesmo com o maior fundo eleitoral e tempo de TV e rádio, o partido corre o sério risco de não eleger um único prefeito nas eleições de outubro, como, aliás, deseja o adversário PT.
Principal aposta
Ironicamente, uma das principais apostas do PL para a eleição municipal é o deputado estadual Raimundinho da JR, pré-candidato em Dias D’Ávila e que é aliado do governador Jerônimo Rodrigues. Ele só não deixou a sigla para tentar se viabilizar como nome único da base governista com receio de perder o mandato na Assembleia por infidelidade partidária.
Pitacos
* O presidente do PT da Bahia, Éden Valadares, acompanhou a votação da PEC da Reeleição na Assembleia. Na ocasião, ele se reuniu com a bancada do partido, que deixou claro não apoiar uma segunda reeleição de Adolfo Menezes.
* Adolfo Menezes disse que a oposição tem razão ao reclamar sobre o não pagamento das emendas impositivas por parte do governo do Estado. “Cada deputado tem direito a R$2,3 milhões e isso é muito pouco. Não entendo a demora em pagar”.
* Durante a entrega de ambulâncias esta semana, Jerônimo chegou a afirmar que os veículos eram fruto do pagamento de R$ 11 milhões em emendas parlamentares. Líder da oposição, Alan Sanches (União) rebateu: “Foram recursos de emendas federais”.
* Aliás, membros da bancada governista se reuniram na sala do cafezinho da Assembleia após a votação da PEC da Reeleição para protestar contra o não pagamento das emendas. As queixas foram ouvidas pelo líder Rosemberg Pinto (PT).
* De partidos da oposição, os deputados federais José Rocha (União), Rogéria Santos (Republicanos), Jonga Bacelar (PL) e Léo Prates (PDT) participaram do ato de entrega das ambulâncias compradas com recursos da União, comandado por Jerônimo.
* O presidente da CBPM e vereador licenciado Henrique Carballal (PDT) descartou qualquer possibilidade de assumir função de coordenação na campanha de Geraldo Júnior. “Vou continuar onde estou e colaborar da melhor forma que eu puder”. Com o governo, se imagina.
* Adversários do pré-candidato do MDB a prefeito de Araci, Zelito Maia, o acusam de falsificar assinatura para alterar o domicílio eleitoral – ele é natural de Ribeira do Pombal, a exemplo do irmão, o deputado federal emedebista Ricardo Maia.
* Prefeito de Ilhéus, Marão (PSD) articula para indicar o vice do deputado de oposição Pancadinha (Solidariedade), pré-candidato ao Executivo em Itabuna. A notícia não agradou o senador Otto Alencar (PSD), que ameaça romper com o correligionário.
* O União Brasil perdeu mais um prefeito para a base do governo do Estado. Dessa vez, quem deixou a sigla e migrou para o Avante foi o de Valente, Ubaldino Amaral de Oliveira. O partido de ACM Neto segue “engordando” a turma de Jerônimo.
* Novo conselheiro do TCM, o ex-deputado Paulo Rangel presidiu nesta quarta (20), pela primeira vez, a sessão da 2ª Câmara de Julgamento da Corte. Ele, que herdou os processos do antecessor Fernando Vita, ainda não colocou nenhum em pauta no pleno.
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