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Meloni usa eleição no Parlamento Europeu como referendo de seu governo 18 de maio de 2024 | 18:49

Meloni usa eleição no Parlamento Europeu como referendo de seu governo

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Um ano e meio depois de assumir o cargo de primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni vai disputar outra eleição. Seu nome estará na cédula de papel que os italianos vão preencher quando forem às urnas escolher seus representantes para o Parlamento Europeu, em junho.

Segundo as pesquisas, centenas de milhares podem indicar Meloni para uma vaga. Seu partido, Irmãos da Itália, lidera as intenções de voto, com cerca de 27%. No entanto, como o regulamento impede o acúmulo de mandatos nacionais com assentos em Estrasburgo —sede oficial do Parlamento Europeu, na França—, é muito improvável que ela vá deixar o comando do governo italiano para se juntar a outros 719 eurodeputados.

A movimentação pode parecer esdrúxula, mas ocorre com frequência no cenário italiano. Desde 1994, com Silvio Berlusconi, ex-primeiro-ministro morto em junho de 2023, líderes partidários ou políticos empossados aproveitam a eleição europeia para medir forças e puxar votos para a própria legenda.

“Eles saem candidatos, são eleitos e depois não vão para a [vaga na] Europa. É uma enganação, uma fraude contra os eleitores. É um jeito muito ruim de fazer política inaugurado por Berlusconi e seguido por outros”, diz à Folha Gianfranco Pasquino, professor emérito de ciência política da Universidade de Bolonha.

Em 2019, Matteo Salvini, então ministro do Interior, candidatou-se para o Parlamento Europeu e garantiu o primeiro lugar para a Liga, que ficou com 34% dos votos e 28 cadeiras. Salvini renunciou à sua vaga e continuou no governo italiano.

própria Meloni já se apresentou como candidata, em 2014 e 2019. Na primeira disputa, seu partido terminou com menos de 4%, e ninguém foi eleito. Cinco anos depois, o Irmãos da Itália ficou com 6,5% e ganhou cinco cadeiras, incluindo uma para Meloni. Ela, no entanto, preferiu ficar como deputada em Roma.

Meloni agora repete o gesto, desta vez como chefe de governo. “Faço isso porque quero perguntar aos italianos se estão satisfeitos com o trabalho que estamos fazendo na Itália e na Europa”, disse ela no fim de abril, quando anunciou a candidatura.

A primeira-ministra listou ainda outras razões para a decisão. Além de ser presidente do Irmãos da Itália, é líder do partido europeu Conservadores e Reformistas (ECR), e seu nome poderá puxar votos também para essa bancada da ultradireita. “Os conservadores querem ter um papel decisivo na mudança de rota das políticas europeias”, afirmou Meloni.

No comício, duas linhas da campanha ficaram evidentes. A primeira é o slogan “A Itália muda a Europa”, que busca convencer eleitores de que, com Meloni no governo, os interesses nacionais estariam sendo mais bem defendidos na União Europeia, como o endurecimento das políticas migratórias.

A outra é a tentativa de personalizar a disputa. “Se os italianos pensam que estou indo bem, peço que vão votar, que escolham o Irmãos da Itália e que escrevam meu nome, Giorgia. Tenho orgulho de ser do povo”, disse a primeira-ministra candidata.

Pelas regras, o eleitor italiano deverá marcar um sinal, na cédula de papel, sobre o símbolo do partido ou grupo político de sua preferência. Em seguida, é possível, mas não obrigatório, indicar até três nomes da lista de candidatos do mesmo partido. O sistema é proporcional, o que significa que, se um partido recebe 10% dos votos, fica com 10% dos assentos do seu país. Na Itália, estão em jogo 76 cadeiras, a terceira maior bancada, atrás apenas da Alemanha (96) e da França (81).

A primeira-ministra não é a única líder do país a se lançar neste pleito europeu. A deputada Elly Schlein, do oposicionista Partido Democrático, e o vice-premiê e chanceler Antonio Tajani, do Força Itália, também são candidatos. Nenhum deles, se eleito, deverá ir para Estrasburgo.

No símbolo do Irmãos da Itália na cédula, aparecerá o nome de Giorgia Meloni. Já os de Schlein e Tajani não estarão nas logomarcas de suas legendas –no da Força Itália, estará o de Berlusconi, mesmo morto.

Michele Oliveira/Folhapress
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