29 de maio de 2024 | 13:21

Radar do Poder: O beco sem saída de ACM Neto, o substituto de Ana Paula, o petista rebelde e as calças de Jerônimo

radar do poder

Beco sem saída

Parlamentares da oposição na Bahia dizem que ACM Neto (União) chegou, no horizonte atual, a um beco sem saída sobre 2026: terá mesmo que disputar novamente a eleição para o Palácio de Ondina. Caso contrário, corre o risco de ver a própria liderança se esfarelar, fortalecer adversários no quintal partidário – leia-se o deputado federal Elmar Nascimento (União), caso este se torne presidente da Câmara em 2025 – e até o time adversário, capitaneado pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT).

Nome natural

Por conta desse cenário, aliados de Neto têm cobrado dele uma presença ativa nas eleições de outubro e que não se limite a criticar o PT nas redes sociais. Não há hoje uma liderança natural na oposição para substituir o ex-prefeito. Quem estaria mais próximo disso é o sucessor, Bruno Reis (União), mas uma eventual candidatura em 2026 é vista como prematura. O presidente do PL baiano, João Roma, passa bem longe disso, inclusive aos olhos do prefeito de Salvador, a quem declarou apoio à reeleição em abril.

Ocupando território

Roma, por sinal, deve ganhar um interlocutor importante no primeiro escalão de Bruno Reis. Com a saída da vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) da titularidade da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), no próximo dia 6, para que possa concorrer na chapa majoritária em outubro, o atual número dois da pasta, Alexandre Reis de Souza, deve assumir. No governo Jair Bolsonaro, o sub, que tem a confiança da pedetista, deixou a Prefeitura para trabalhar com o atual presidente do PL no Ministério da Cidadania.

Mirando 2028

Na Câmara Municipal, até os vereadores ligados ao deputado federal Leo Prates (PDT) cravam que o prefeito já escolheu, de novo, Ana Paula como parceira de chapa. Os mesmos edis não descartam a possibilidade de o parlamentar, que cobiçou a cadeira de vice por meses, voltar a assumir uma secretaria de peso num eventual segundo mandato de Bruno Reis. Um espaço que fortaleça o nome de Leo para disputar a Prefeitura em 2028. Quem torce por isso é o suplente, o ex-deputado José Carlos Araújo (PDT).

Mão na roda

O fato de comandar a SMS foi uma vantagem para Ana Paula conquistar o apoio de quase toda a base do prefeito na Câmara de Salvador. Isso porque muitos vereadores atuam com atendimento médico em comunidades, de forma direta ou indireta, a exemplo do presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB). Depois de se reunir com a pedetista na semana passada ao lado de outros colegas, como mostrou o Política Livre, Muniz não falou mais de indicar um tucano para a vice.

Gula Universal

O encontro de Ana Paula com vereadores aliados, além de uma manifestação de apoio à pedetista, também foi visto como um recado de rejeição ao pleito do Republicanos de ficar com a vice. Para vereadores ouvidos pela coluna, a sigla da Igreja Universal é a mais privilegiada com espaços na gestão, comandando as secretarias de Infraestrutura e Manutenção, de peso eleitoral. E mais: teve a ajuda decisiva do prefeito na montagem da chapa proporcional, podendo, finalmente, eleger em outubro quatro vereadores.

Mercado inflacionado

Marinheiro de primeira viagem, um candidato a vereador com influência no meio empresarial de Salvador e com “bala na agulha” é acusado de inflacionar o mercado de lideranças comunitárias às vésperas do período eleitoral. O cidadão tem ido com tanta sede ao pote que está comprando gato por lebre, garantem os concorrentes. Recentemente, “contratou” um líder de bairro, que apoiava outro postulante, acreditando na promessa de 500 votos, quando a figura não teria nem cem.

Cortado da escalação

O diretório municipal do União Brasil reuniu os vereadores e o grupo eclético de pré-candidatos do partido à Câmara Municipal para discutir a parte operacional da campanha. Ficou acertado apoio do comando da sigla na área de comunicação e também ações da Prefeitura em comunidades. A legenda espera eleger de oito a nove edis – hoje, tem seis. Cotado para disputar um desses assentos, o ex-jogador Preto Casagrande não apareceu na reunião e deve ficar de fora da escalação dos 44 postulantes.

Rebelde vermelho

De forma até surpreendente, o líder da federação formada por PT, PCdoB e PV na Assembleia, o petista Robinson Almeida, destilou toda a insatisfação dos integrantes da base aliada na Assembleia contra o governo Jerônimo, num almoço que antecedeu as votações de ontem (28) entre parlamentares e o secretário de Relações Institucionais, Jonival Lucas. O rebelde vermelho chegou a dizer que o governador prefere passar o dia em uma cidade de sete mil habitantes a atender deputados.

Apoio crítico 

Os líderes que participaram do almoço avisaram que iriam aparecer em plenário para votar o aumento dos servidores e o empréstimo de R$2 bilhões de forma “crítica”. “Dissemos a Jonival e falamos ao telefone com o chefe de Gabinete, Adolpho Loyola, que o atendimento precisa melhorar para que as coisas aconteçam normalmente na Assembleia”, afirmou um dos deputados. Nas duas últimas semanas, deputados do PSD, PL, PP, Solidariedade e Podemos não deram quórum para cobrar um tratamento melhor.

Calças levantadas

Jerônimo ficou irritado com o comportamento da base na Assembleia. Num evento em Irecê, na última sexta (24), disse a um aliado fiel da Casa que “não vai baixar as calças para os deputados”. Ele cobrou ainda respeito e o recado foi passado adiante, mas parece não ter soado tão intimidador. Afinal, os aliados prometem voltar a a protestar na Assembleia se não forem minimamente atendidos.

Encontro casual

Líder do PP na Assembleia, o deputado Niltinho conseguiu unir, num mesmo ambiente, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), e o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), pré-candidato ao Palácio Thomé de Souza. O encontro casual aconteceu na festa de aniversário do pepista, na última sexta (24), numa casa de eventos de Salvador. Também participaram os presidentes do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Marcus Presídio, e da Assembleia, Adolfo Menezes (PSD), e um grupo de mais de 20 parlamentares.

Carta fora

Aliás, dois influentes parlamentares da bancada baiana no Congresso, membros da base do Planalto, descartam totalmente Rui Costa como quadro cogitado para suceder o presidente Lula (PT) em 2026. A avaliação é que se a economia for bem, o governo melhorar a popularidade e a direita perder força, o candidato de Lula será o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, petista de São Paulo. Caso contrário, o presidente concorre à reeleição, adiando os planos de fazer um sucessor.

Quanto pior melhor

No desespero para viabilizá-lo como candidato à Prefeitura de Irecê, apoiadores do vereador Figueiredo, do PDT, investem no denuncismo contra a atual gestão com o objetivo de tentar paralisar obras importantes que irão beneficiar a população do município. Dessa vez, querem impedir a continuidade das intervenções da estação de transbordo, cuja conclusão promoverá uma transformação na estrutura de mobilidade da cidade.

Estrangeiro de Pombal

Em Araci, o pré-candidato do MDB a prefeito, Zelito Maia, tem tido dor de cabeça para explicar porque, mesmo não morando no município – ele é de Ribeira do Pombal -, decidiu disputar a Prefeitura local. O emedebista já ganhou o apelido de “o estrangeiro de Pombal” e enfrenta questionamentos do Ministério Público Eleitoral. Vale lembrar que Zelito é irmão do deputado federal Ricardo Maia (MDB), que já tem o filho homônimo prefeito de Tucano e postulante à reeleição.

Pitacos

* Enquanto os deputados da base de Jerônimo eram chamados de traidores por servidores no final da sessão que votou o reajuste de 4% do funcionalismo, os bolsonaristas Diego Castro (PL) e Leandro de Jesus (PL) foram aplaudidos.

* Em discurso, Diego chamou os líderes das categorias, tradicionalmente ligados aos partidos de esquerda, de “masoquistas” por votarem no PT. A oposição, que votou contra o aumento, jogou com a plateia e sugeriu uma majoração de 10%.

* Quem sofreu com as vaias e as críticas durante a votação do aumento dos servidores foi a deputada Olívia Santana (PCdoB), que se coloca como defensora dos educadores, mas no final se posiciona a favor do governo.

* Quem também foi vaiado na Assembleia por ter votado a favor do reajuste de apenas 4% foi o deputado Binho Galinha (PRD). Pelo visto, os servidores têm mais coragem do que muito magistrado e parlamentar por aí…

* Líder do União Brasil na Assembleia, Robinho sugeriu ao presidente Adolfo Menezes (PSD) que instale vidros blindados nas galerias. Assim, os deputados sequer ouviriam o som dos protestos dos funcionários públicos em plenário.

* A deputada Ludmilla Fiscina (PV) levantou especulações de que estaria de mudança para o Avante ao aparecer no plenário da Assembleia, nesta terça (28), com um modelito todo em laranja.

* Quem esteve no plenário da Assembleia como se deputado ainda fosse foi Capitão Tadeu, que é pré-candidato a vereador de Salvador pelo PSDB. Aproveitou a presença maciça de servidores na Casa para aparecer e ainda matou a saudade.

* Em discurso na Assembleia, o deputado Vitor Bonfim (PV) declarou apoio ao colega Roberto Carlos (PV) na disputa pela Prefeitura de Juazeiro. Vale lembrar que Bonfim fez o mesmo na disputa do TCM, mas apoiou Paulo Rangel.

* O deputado estadual Alex da Piatã ficou irritado com a presença do senador Jaques Wagner (PT) em Conceição do Coité, no último final de semana. O petista foi lançar a pré-candidatura do aliado Francisco de Assis, ex-prefeito, ao Executivo municipal.

* A questão é que no mesmo município, principal reduto de Alex, o deputado do PSD lançou como pré-candidata a esposa, Val (PSD). Ele achava que, a exemplo de Jerônimo, Wagner ficaria neutro, o que não aconteceu.

Comentários