Foto: Divulgação/Arquivo
Kleber Rosa ainda pode ultrapassar Geraldo Jr. 29 de agosto de 2024 | 07:32

Pesquisa Quaest indica que Kleber, do nanico PSOL, ainda pode ultrapassar Geraldo Jr. , por Raul Monteiro*

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Não é preciso relatar que o resultado da pesquisa Quaest, a primeira do instituto sobre a sucessão em Salvador, divulgada terça-feira pela TV Bahia, na qual o prefeito Bruno Reis (União Brasil) confirma seu favoritismo à reeleição, agitou mais, por motivos diversos, os times das duas principais candidaturas da oposição. Enquanto a reação na equipe do candidato do governo estadual à Prefeitura, Geraldo Jr. (MDB), foi de grande preocupação, misturada com uma certa dose de resignação diante de um cenário que já vinha sendo antecipadamente percebido, na do adversário Kleber Rosa (PSOL), o clima foi de euforia contagiante.

De fato, os números mostram que a briga pela Prefeitura de Salvador não envolve Bruno, cuja perspectiva de se reeleger no primeiro turno, com 66% das intenções de voto, sai bastante fortalecida segundo o levantamento. Mas sugerem uma disputa ferrenha pelo segundo lugar entre Geraldo e Kleber, que aparecem tecnicamente empatados, o primeiro com 9%, e o segundo, com 4%, num quadro que favorece muito mais o nome do candidato do PSOL, cuja estrutura de campanha curiosamente não chega aos pés da do adversário do MDB, apoiado pelo mesmo arco de partidos que dão sustentação à gestão do governador Jerônimo Rodrigues (PT).

Sob este viés, com tão pouco tempo de batalha, sem o mesmo contingente de candidatos a vereador organizado pelos partidos da base do governo e, naturalmente, sem os vultosos recursos de que o emedebista dispõe, Kleber se mostra, desde logo, uma promessa forte para crescer até a eleição de outubro, na cara e na coragem, por meio basicamente de um discurso que, pelo visto, tem calado fundo no coração dos segmentos de esquerda de Salvador, e vem sendo muito bem articulado por ele desde que resolveu entrar na corrida municipal: o de que é verdadeiro candidato esquerdista da capital baiana.

Um outro dado da pesquisa que contribuiu para jogar um “balde de água fria” na campanha de Geraldo Jr., desanimando principalmente os candidatos a vereador da base do governo estadual, foi seu elevadíssimo nível de rejeição, na casa dos 34%, o mais alto entre os três (Kleber aparece com 23% enquanto Bruno com 20%), exatamente por este motivo, talvez o obstáculo mais difícil de combater para melhorar a performance do candidato do MDB. De logo, já se sabe que, por causa de Kleber, dificilmente Geraldo vai conseguir alcançar o teto, de cerca de 30%, a que os candidatos do governo já chegaram em disputas em Salvador.

Ele não é do PT, para fazer a militância petista vestir sua camisa com gosto, não tem discurso com conteúdo e sentido de verdade suficiente que os aliados possam reproduzir junto às bases e, ainda por cima, vem enfrentando uma forte resistência de lideranças de bairros que já o conhecem de outros carnavais – já que foi vereador em Salvador – a distribuírem seu material nos bairros mais populares. De todo ruim para Geraldo, sem perspectiva de melhora, o cenário se encerra com uma dúvida sobre quem vai botar no colo um resultado provavelmente desastroso de campanha: os irmãos Vieira Lima, controladores do MDB, ou o senador Jaques Wagner, do PT, padrinho da candidatura geraldista.

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*
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