26 dezembro 2024
Centenas de pescadores, marisqueiras e agricultores familiares reuniram-se no último sábado (7), no Colégio Estadual Anna Junqueira Ayres Tourinho, em São Francisco do Conde, a 80 km de Salvador, para exigir que a empresa Acelen crie programas sociais que possam reparar os danos que vem causando no entorno de suas atividades.
Na ocasião, foi realizada a Assembleia de Constituição da Cooperativa Multiprodutiva de Pescadores, Marisqueiras e Agricultores Familiares de Madre de Deus, Candeias, São Francisco do Conde e do Recôncavo Baiano (Coopemar), cujo objetivo é impulsionar a economia local e proteger os recursos naturais da Baia de Todos os Santos e do Recôncavo Baiano.
A Coopemar contou com o apoio de Deyvid Bacelar, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) da Presidência da República.
“Essa cooperativa é a mais significativa convergência de atuação dos trabalhadores da pesca, maricultura e piscicultura artesanal baiana, fazendo frente à cultura do assistencialismo e do descaso ambiental, na região, principalmente depois que a Acelen assumiu o controle da Refinaria Landulpho Alves”, destacou Bacelar, que vem acompanhando de perto todos os trabalhos desenvolvidos pela comissão organizadora da cooperativa.
“Parabenizo a todas e todos pela vitória alcançada e me coloco à disposição para a necessária interlocução com a indústria do petróleo e o Poder Executivo”, garantiu o conselheiro do presidente Lula, que vem travando nos últimos anos a luta pela retomada dos investimentos na Petrobras, em todo o Brasil, defendendo a reestatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), a reabertura da Fafen e do Canteiro de São Roque do Paraguaçu, além da criação da Coopemar.
“Temos trabalhado pela volta do emprego e pelageração de renda. A Coopemar contará com todo o apoio da FUP, na busca de reparação histórica destas comunidades afetadas pelo impacto ambiental, gerado pela indústria do petróleo e pela indústria petroquímica”, frisou Bacelar.
Para Zé Túnel, pescador e líder comunitário que assumiu a presidência da cooperativa, nessa primeira formação, a Coopemar terá como principal desafio a criação de uma infraestrutura capaz de fortalecer a pesca sustentável e a maricultura regional:
“Conversaremos com todos os órgãos, entidades e, muito especialmente, com a indústria petrolífera, a fim de conscientizá-los sobre a importância do apoio comprometido de todos os setores para a consolidação desta iniciativa. Não podemos mais conviver com as imensas dificuldades sazonais, indenizações que não reparam efetivamente os danos ambientais causados por acidentes ou irresponsabilidade operacional, nem com esporádicos auxílios governamentais”, destacou o presidente.
Segundo a Comissão organizadora da cooperativa, será necessário contar com a colaboração das diversas associações, colônias de pesca e entidades sindicais para que a Coopemar possa, finalmente, organizar a toda a cadeia produtiva do setor pesqueiro artesanal.
Segundo o advogado responsável pela constituição da cooperativa, Celson Oliveira, embora formalmente constituída, a Coopemar ainda precisa realizar o registro perante a Junta Comercial da Bahia e obter suas licenças operacionais.
“Foram dois anos de trabalho ininterrupto para chegarmos ao presente estágio, atendendo a todos os requisitos exigidos pela Lei do Cooperativismo”, explicou Oliveira, dizendo-se emocionado ao visualizar dezenas de voluntários, trabalhando em prol da inscrição de centenas de cooperados, alguns dos quais mulheres gestantes ou idosos já em idade avançada.