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26 de março de 2025 | 14:49

Radar do Poder: A ambiguidade do PP, o plano de Roma para 2026, o apoio de Rui a Júlio Pinheiro e o conselho a Flávio Matos

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Prêmio de consolação

O levantamento divulgado esta semana pelo instituto Paraná Pesquisas, que aponta a liderança folgada de ACM Neto (União) na disputa pelo Palácio de Ondina e a queda na popularidade do governador Jerônimo Rodrigues (PT), deu uma injeção de ânimo em prefeitos do PP no interior baiano diante do avanço das tratativas para a formação de uma federação entre o partido e a sigla que tem o ex-gestor de Salvador como vice-presidente nacional.

Em cima do muro

Explica-se: mesmo querendo estar na base do governo Jerônimo, de olho nos investimentos do Estado nos seus municípios, a maioria dos prefeitos do PP considera que, ao contrário dos deputados da sigla que já estão na base aliada, não precisam provar lealdade deixando a legenda caso a federação se concretize, sobretudo diante da possibilidade revelada pelas pesquisas de ACM Neto ser eleito em 2026. “Nessa situação, fica até confortável dizer que é governo, seja ele qual for a partir de 2027”, comentou à coluna um influente deputado pepista.

Rompendo o cordão

Principal prefeito do PP na Bahia, Zé Cocá, de Jequié, se reuniu no início desta semana com o presidente do partido na Bahia, deputado federal Mário Negromonte Júnior. Aliado do gestor, o deputado estadual Hassan, da mesma sigla, também participou da conversa. Os três definiram que terão um posicionamento alinhado sobre a federação, a adesão institucional ao governo e as eleições de 2026. Com isso, Cocá deixou claro que, ao contrário do pleito de 2022, não irá seguir cegamente o deputado federal pepista João Leão, que deseja manter a aliança com ACM Neto.

Ponta do lápis

Com a possibilidade da federação, muitos políticos que pretendem concorrer a deputado federal e estadual nas eleições de 2026 que são filiados ao PP ou ao União Brasil estão fazendo as contas na ponta do lápis. Caso se unam de fato, as duas siglas atuarão como uma só, inclusive na composição das listas de candidatos, o que deve aumentar a competitividade e a chamada “linha de corte”. De olho na Câmara Federal, o deputado estadual Alan Sanches (União) e o ex-prefeito de Candeias Dr. Pitágoras (PP) intensificaram a procura por outras alternativas.

Bom marido

Presidente do PL da Bahia, João Roma quer emplacar a esposa, a deputada federal Roberta Roma, do mesmo partido, como vice na chapa encabeçada por ACM Neto nas eleições para o governo em 2026. Quer repetir o movimento feito pelo deputado estadual e atual presidente do PSDB baiano, Tiago Correia, cuja esposa, a empresária Ana Coelho (Republicanos), foi a companheira de chapa do ex-prefeito da capital na corrida pelo Palácio de Ondina. O resultado todo mundo viu no que deu.

Candidato a deputado

Roma acha que o PL tem tamanho para reivindicar a vice na chapa da oposição. O ex-ministro já disse a correligionários que só tem intenção de disputar o governo da Bahia em 2026 se ACM Neto não for candidato e apoiá-lo, cenário considerado improvável. Ele sinalizou a lideranças do interior, com quem mantém conversas toda segunda-feira, que será postulante a deputado federal no lugar da esposa. Se Roberta Roma não for a vice, a ideia é articular para ela um cargo na estrutura do PL nacional a partir de 2027.

Amigo fiel

Em tempos de vacas magras após o desempenho desastroso do PL no pleito de 2024 na Bahia, João Roma hoje só tem o apoio de um prefeito para concorrer a deputado. Trata-se do gestor de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos). Os dois estiveram juntos no domingo (23), quando, a convite, o ex-ministro esteve no município para a inauguração de uma creche. Ednaldo garantiu ao aliado que, mesmo se aderir à base de Jerônimo, trabalhará pela eleição do amigo a uma cadeira na Câmara.

Resultado imprevisível

É considerado imprevisível o resultado de um eventual bate-chapa entre a deputada Fátima Nunes (PT) e o deputado Júnior Muniz (PT) pela 1ª vice-presidência da Assembleia. Alguns deputados do chamado “centrão” da Casa apostam que, mesmo com o apoio do governo, a petista será derrotada em pleno mês das mulheres. Há quem diga que, mesmo se fosse candidata única, ela não alcançaria o número mínimo de 32 votos para ser eleita. “O problema de Fátima não é Júnior, é ela mesma. Ela nunca se relacionou bem com os deputados”, disse um parlamentar governista à coluna.

Estranho no ninho

Embora não admita à imprensa que é candidato na eleição marcada para a tarde de hoje (26), Júnior Muniz tem feito campanha junto aos colegas, como revelou com exclusividade o site (LINK). O movimento tem o apoio de lideranças importantes do PT, a exemplo do prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, a quem o parlamentar é ligado. Além disso, é mais um gesto de insatisfação de Júnior com a forma como é tratado pelo líder do governo, Rosemberg Pinto (PT), já que nunca ocupou um espaço de relevância na Assembleia, mesmo quando lhe foi prometido.

Casal Caetano

Por falar em Luiz Caetano, o prefeito e a esposa, a deputada federal petista Ivoneide Caetano, iniciaram uma articulação para que o vereador de Camaçari Tagner Cerqueira seja candidato à presidência do PT da Bahia. O casal também disse “não” ao movimento, já naufragado, do atual presidente do PT baiano, Éden Valadares, de lançar como sucessor o companheiro Sandro Magalhães. Aliás, nenhum deputado estadual ou federal do partido embarcou na ideia. Padrinho político de Éden, o senador Jaques Wagner também se recusou e entrar na “roubada”.

Apoio ministerial

Ministro da Casa Civil, o petista Rui Costa costuma dizer que sua prioridade é sempre a gestão, mas tem acompanhado de perto a sucessão no PT estadual. Júlio Pinheiro, ex-prefeito de Amargosa, nome encampado de bom grado pelo governador e o grupo do deputado federal Jorge Solla, conta com apoio expresso dele para suceder o atual presidente da sigla na Bahia, Éden Valadares. Até agora, no entanto, Júlio tem se recusado a entrar na disputa.

Novo emprego?

Ganha força o movimento para que o ex-vereador Tiago Ferreira dispute a presidência do PT em Salvador. A articulação tem o apoio do deputado estadual Robinson Almeida e do deputado federal Valmir Assunção, que integram as correntes petistas DS e EPS, respectivamente. O movimento também tem a simpatia da corrente CNB, que é majoritária. Tiago dialoga, inclusive, com o agora vice-presidente nacional do PT, Everaldo Anunciação, que já comandou a sigla na Bahia e é cotado para retornar ao posto na disputa interna do dia 6 de julho.

Vice em pó

Ao tomarem conhecimento do festival de policiais e carros da PM e do Corpo de Bombeiros de que o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) e sua família se serviam, políticos do governo Jerônimo disseram que o chefe do Executivo estadual tem sido excessivamente tolerante com o emedebista. “Se o titular fosse Rui (Costa), Geraldo já teria virado pó”, disse um deles.

Flor da pele

O deputado federal Zé Neto (PT) reclamou junto a pessoas próximas do governador que tem sido deixado de fora das articulações conduzidas por Jerônimo e pelo secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola (PT), visando atrair o prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho, para a base aliada. O parlamentar, que tem na Princesa do Sertão o principal reduto eleitoral, anda com os nervos à flor da pele, se sentindo traído pelos companheiros.

Convidado a se retirar

Derrotado na eleição para a prefeitura de Camaçari, o ex-vereador Flávio Matos tem sido aconselhado por correligionários do União Brasil a desistir da ideia de concorrer a deputado federal em 2026. Caso mantenha a decisão de entrar na disputa, ele será convidado a se retirar do partido. Uma candidatura de Flávio atrapalharia os planos do ex-prefeito do município Antonio Elinaldo (União), que já tem o compromisso de apoiar a reeleição do deputado federal Paulo Azi (União) e a candidatura do deputado estadual Manuel Rocha (União) a uma cadeira na Câmara.

Pitacos

* Enquanto não se define o novo secretário de Comunicação do governo Jerônimo, um dos cotados já tomou outro rumo. O publicitário Cid Andrade vai encarar um desafio além-mar. Aceitou o convite para trabalhar nas eleições para 1º ministro de Portugal.

* Segundo pessoas próximas ao ministro, Rui Costa teria ficado chateado pelo fato de não ter sido chamado pelo presidente Lula para a viagem oficial ao Japão e ao Vietnã. Até porque Jaques Wagner foi um dos três senadores convidados.

* O deputado estadual Pancadinha (Solidariedade) deve anunciar na semana que vem a adesão à base do governo. É mais um que vai abandonar o grupo de ACM Neto. Sai da oposição se queixando de compromissos não honrados.

* Pancadinha já é tratado como aliado. Já se reuniu com Adolpho Loyola e esteve na Conder. A reeleição dele, no entanto, é considerada difícil diante da decisão do prefeito de Itabuna, Augusto Castro, de lançar a candidatura da esposa Andréa Castro.

* O deputado Euclides Fernandes, do PT, não conseguiu esconder ontem (25), nos corredores da Assembleia, a preferência pelo colega Júnior Muniz na disputa pela vice-presidente da Casa.

* Já o deputado Roberto Carlos (PV) brincou sobre a possibilidade de um bate-chapa na disputa pelo cargo. “Como o voto é secreto, a mão de muita gente coça e dá vontade de trair”.

* Embora publicamente defenda a candidatura de Fátima Nunes para a vice, a presidente da Assembleia, Ivana Bastos (PSD), não deve se intrometer na disputa interna dentro do PT.

* Isso porque Ivana também tem boa relação com Júnior Muniz. Há quem diga, inclusive, que a presidente prefere ter o parlamentar ao lado do que uma deputada que é muito próxima de Rosemberg Pinto.

* Ivana comandou, na semana passada, uma reunião com a bancada do partido dela, o PSD. Na ocasião, os deputados cobraram uma maior interlocução entre a presidente e o governo do Estado para o tratamento das demandas dos colegas.

* O policial federal Anderson Muniz, irmão do presidente da Câmara de Salvador, Carlos Muniz (PSDB), passou a ser cotado para comandar a Codecon. Ele chegou a ser cogitado para a Arsal, mas o posto deve ser ocupado mesmo por Jean Sacramento.

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