12 julho 2025
A Construindo um Novo Brasil (CNB), corrente majoritária do Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras (PT), realizou neste sábado (26/4) na Assembleia Legislativa, em Salvador, uma plenária que referendou o nome de Edinho Silva à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras (PT). Ex-prefeito de Araraquara (SP) e ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Dilma Rousseff, Silva disse que tem buscado nos últimos meses alcançar o maior grau de unidade possível dentro do partido, conversando com todas as correntes.
“Neste momento da história do nosso país e da conjuntura internacional nós precisamos construir maioria na CNB, sem ser hegemonista, pois o que mais importa é a nossa capacidade de construção coletiva. Sou candidato da continuidade da atual gestão do PT, liderada pela companheira Gleise Hoffman”, afirmou.
Ele disse também que, se a militância e os filiados do PT lhe derem a oportunidade, vai presidir o partido valorizando todas as instâncias para que o PT volte a valorizar o processo de construção coletiva. “O PT precisa ser forte porque estamos enfrentando a conjuntura mais difícil da perspectiva internacional desde o período que antecedeu a segunda guerra mundial. Nós achávamos que o humanismo tinha derrotado a fascismo e o nazismo, mas estamos vendo os fascistas se reorganizando e se estruturando com articulação internacional”, destacou Silva.
Segundo ele, “a Itália hoje é governada por uma primeira ministra assumidamente fascista; na Alemanha os neonazistas conseguiram 20 por cento dos votos; na França, o presidente Macron teve de fazer pirueta política para evitar a vitória da extrema direita; em Portugal os fascistas estão derrotando a centro esquerda; e o fascismo cresce também na Espanha e na Holanda”.
Para Silva, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump é hoje o maior líder fascista do século XXI. “O fascismo se caracteriza pelo culto à personalidade, com uma concepção expansionista e não-aceitação da diferença”, analisou.
Silva disse também não considerar que toda a direita no Brasil seja fascista. “Mas hoje o núcleo fascista da política hegemoniza a direita brasileira e faz com que o pensamento fascista ocupe governos de estado e capitais brasileiras, além de assembleias legislativas e o Congresso Nacional, com capacidade de mobilização e de colocar gente nas ruas”, afirmou.
Na sua avaliação, o PT precisará reeleger o presidente Lula em 2026 para enfraquecer o fascismo no Brasil, e precisará continuar compondo alianças no campo democrático para alcançar essa vitória.
“O governo do presidente Lula recebeu um país em que o ex-presidente Bolsonaro havia utilizado R$370 bilhões na tentativa de comprar da sua reeleição, com políticas públicas desorganizadas e todas as instituições fragilizadas. Um governo que chamou o Brasil para o ódio e para uma polarização doentia. Que contaminou setores importantes de nossa sociedade. Temos de demonstrar à sociedade que somente a democracia direta pode melhorar a vida das pessoas”.
Orçamento Participativo
Edinho Silva defendeu que o orçamento participativo e a economia solidária devam voltar a ser o eixo central da plataforma política do PT. “O orçamento participativo sempre foi uma de nossas principais bandeiras”, frisou. Ele analisou também o processo de uberização dos trabalhadores.
“Será difícil sindicalizar profissões geradas pelas novas tecnologias, mas podemos nos organizar para conscientizar essas categorias sobre a importância de que sejam criadas as cooperativas. Dessa forma a economia solidária será um instrumento de organização da nova classe trabalhadora”, ressaltou.
Silva convocou todas as instâncias do partido a promoverem também um debate sobre a questão da segurança pública, que deverá ser tratada de forma prioritária. “Se nós não a debatermos, o que vai prevalecer é a concepção do pensamento fascista. Temos de ter políticas públicas para os adolescentes. Em São Paulo um governador de inspiração fascista se pauta por uma polícia que cada vez mais aumenta o seu grau de letalidade”, frisou.
Silva defendeu também que o PT tenha uma proposta clara para a transição energética. “O que o fascismo está dizendo pro mundo? Que não existe urgência climática e que irão continuar produzindo riqueza destruindo o meio ambiente e a natureza”, disse Silva.
Apoio da FUP e da CUT
Edinho Silva recebeu apoio do coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, e de Leninha, presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Eles defenderam que a pauta da escala seis por um seja também uma pauta do PT, e não somente dos sindicatos e centrais sindicais.
Para Deyvid Bacelar, essa busca da unidade em torno de um único nome dentro da CNB, seja na Bahia, seja no Brasil, será fundamental para que o partido ganhe maior representatividade no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas em cada estado, e nas câmaras municipais. “Nas últimas eleições ocorreu uma cisão dentro da CNB que prejudicou todos e todas que aqui estão. Se não temos hoje mais deputados e deputadas eleitos e eleitas no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa é por conta dessa fratura exposta que houve no último processo eleitoral. Conseguimos hoje construir essa unidade em torno do companheiro Edinho, que será o próximo presidente do PT. Mas precisamos agora construir essa unidade aqui no estado da Bahia em torno de um nome da CNB que dispute a presidência do PT aqui no estado”, discursou Bacelar.
O coordenador da FUP disse também que “é fundamental ter na representação do nosso partido, em seu diretório e em sua executiva, as representações das bases sociais do PT. Não podemos mais aceitar que o nosso PT seja dividido pelos mandatos de nossos parlamentares. Nós precisamos ter de fato a representação da juventude, a representação de mulheres, dos negros e negras, do movimento LGBTQIA+ e dos movimentos populares e sindicais. Esse é o PT que nós queremos”, destacou Bacelar. Ao final do encontro, ficou definido que o nome do candidato ou candidata à presidência estadual sairá de um consenso entre Everaldo Anunciação, Leninha (CUT), Jonas Paulo (ex-presidente) e Gutierres Barbosa.
VEJA A RESOLUÇÃO OFICIAL DO ENCONTRO
“Chegamos a mais um importante Processo de Eleição Direta (PED) do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. Este PED retoma o modelo de eleição direta nas três esferas — nacional, estadual e municipal — e se apresenta como uma oportunidade ímpar de elegermos nossas direções, mas também de renovar nossa relação com os movimentos sociais e organizações populares; com o PT nos municípios e territórios; reciclar nossa integração entre as gestões petistas e atualizar o Modo Petista de Governar; renovar nossos profundos laços com a luta da classe trabalhadora, na cidade e no campo, para fazer o partido crescer mais, ampliar nossas bancadas na Assembleia, na Câmara e no Senado e, sobretudo, renovar os mandatos de Jerônimo Governador e Lula Presidente.
A quadra histórica internacional é muito delicada, instável e de retrocesso para a luta da Esquerda e da classe trabalhadora. E, falando do Brasil, os desafios de uma conjuntura marcada pelo enfraquecimento do papel dos partidos, financeirização da atividade política via emendas e captura do orçamento, além da polarização com a extrema-direita que segue organizada, exigirão do conjunto do nosso partido uma forte mobilização política e social, institucional e nas ruas, para uma nova vitória do PT e do campo democrático e popular.
Na Bahia, onde as forças do atraso carlista mostram total unidade com o campo bolsonarista, é imperativo que consigamos inovar nas nossas formas de organização territorial para que a presença da direção estadual seja mais cotidiana na construção, acolhimento e proteção do nosso partido em cada cidade; bem como atualizar nossa capacidade de diálogo e intervenção na elaboração da estratégia política e na execução das políticas públicas do nosso governo. Um partido forte e dirigente, capaz de construir as condições para a recondução de Jerônimo, nossos senadores, deputados federais e estaduais, em uma aliança onde o PT seja protagonista e também amplie a vitória de Lula na Bahia.
Por essas razões, nós, filiados, militantes e dirigentes do Partido dos Trabalhadores na Bahia, que se organizam internamente no campo Construindo um Novo Brasil, respeitando nossas especificidades, mas colocando a defesa do PT e do nosso projeto acima de quaisquer diferenças, assumimos o desafio de apresentar no PED ao conjunto do partido e às demais correntes internas uma estratégia com uma plataforma política e uma candidatura da corrente, oriunda dos seus quadros, para a Presidência do Partido dos Trabalhadores na Bahia, que unifique a nossa ação e busque a estabilidade e o protagonismo político, possibilitando a maior unidade possível no PT”.