23 junho 2025
Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o ministro Luís Roberto Barroso recebeu nesta sexta-feira (23), de uma só vez, duas honrarias da Assembleia Legislativa da Bahia: o título de cidadão baiano e a Comenda Dois de Julho. Em discurso proferido de improviso durante a solenidade, que foi bastante concorrida, o magistrado enalteceu o Estado e também criticou a polarização extrema da política.
“A polarização sempre existiu. As pessoas pensam de maneira diferente desde a assembleia geral francesa, entre esquerda e direita, ou a primeira eleição nos Estados Unidos, entre federalistas e republicanos. É bom que seja assim. O que completa a gente é o outro na sua diferença. O que aconteceu de ruim no mundo não foi a polarização, mas o crescimento da intolerância, do extremismo, da não aceitação do outro”, disse Barroso.
“E ainda pior: hoje na política brasileira e no mundo existe a ideia de que quem pensa diferente de mim deve ser um completo cretino servindo a uma causa oculta. Deus me livre de todo mundo ser igual a mim. Precisarmos recuperar o Brasil e no mundo a civilidade, tratar quem pensa diferente com respeito”, acrescentou o ministro, sendo aplaudido de pé.
A sessão especial contou com as presenças de diversas autoridades, a exemplo do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), dos presidentes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Abelardo Paulo da Matta Neto, e do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), desembargadora Cynthia Maria Pina Rezende, dos senadores Angelo Coronel (PSD) e Otto Alencar (PSD), além da comandante da Assembleia, deputada Ivana Bastos (PSD), entre outros parlamentares e personalidades do ambiente político e jurídico. O secretário de Governo da Prefeitura de Salvador, Cacá Leão (PP), representou o prefeito Bruno Reis (União).
A exemplo do que havia feito ao chegar à Assembleia, em conversa com jornalistas, Barroso destacou a relação com a Bahia durante o discurso na sessão, iniciada com um minuto de silêncio em função do falecimento do fotógrafo Sebastião Salgado.
O ministro, que nasceu na cidade de Vassouras, no estado do Rio de Janeiro, afirmou que veio à Bahia pela primeira vez por volta dos 19 anos, por conta de uma namorada em Itapetinga. Ele contou que chegava em Salvador de avião e pegava um ônibus até Vitória da Conquista. De lá, costumava ir de carona em um jipe até a fazenda onde a jovem morava.
“E depois passava o Carnaval em Salvador, na volta. Tinha o Clube Bahiano de Tênis e o Bloco do Jacu, onde a gente tinha que usar uma mortalha azul turquesa. Estão vendo, não cai de para-quedas na Bahia não. Essa relação vem de longe. E, recentemente, tive a oportunidade de escolher um desembargador da Bahia para uma vaga no CNJ, meu amigo José Edivaldo Rocha Rotondano”, lembrou.
Barroso deu ênfase à história e a cultura da Bahia, ao citar a luta pela independência no Estado e nomes como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Dorival Caymmi e Jorge Amado.
Quem abriu a sessão foi Ivana Bastos. “Estamos aqui fazendo um ato de reconhecimento legítimo e necessário a um dos grandes homens da vida pública brasileira. Homenageamos hoje, sob as bençãos do Senhor do Bonfim e com o calor da alma baiana, o presidente do STF e do CNJ”, afirmou.
A deputada afirmou ainda que o Brasil “reconhece o destemor com que o ministro defende a democracia” em quase 12 anos no STF, onde “atravessou processos polêmicos que não somente exigiram conhecimento técnico, mas também jogo de cintura que nem os melhores jogadores de capoeira possuem”.
Também discursaram na sessão o deputado Angelo Coronel Filho (PSD), autor do projeto de resolução que concedeu a cidadania baiana a Luís Roberto Barroso – a medalha foi uma iniciativa da Mesa Diretora da Assembleia -, e o pai, senador Angelo Coronel.
Política Livre