13 agosto 2025
O ex-presidente do PT na Bahia Jonas Paulo criticou duramente a condução do processo eleitoral interno do partido, cujo resultado no último domingo (6) confirmou a eleição de Tássio Brito para a presidência estadual. Jonas, que disputou o comando da sigla em uma chapa junto com Élen Coutinho, acusa a cúpula petista de ter recorrido a práticas “heterodoxas” para garantir a vitória do candidato apoiado pelo senador Jaques Wagner.
No artigo, intitulado “Eu vejo o futuro repetir o passado”, publicado neste Política Livre, Jonas afirma que o PT “não é lugar de vale-tudo, nunca foi e nunca será” e alerta contra “a sanha de Cronos, o monstro medieval que exterminava seus próprios filhos por se sentir ameaçado”. Segundo ele, a disputa por si só se transformou numa “batalha insana”.
Ele diz que entrou na disputa junto com Élen Coutinho, a fim de resgatar valores fundadores do PT. “Ambos foram disputar juntos, ele e ela — ela e ele, a Presidência Estadual do Partido, dando uma contribuição militante ao PT baiano. Um clima de insatisfação generalizada com a condução atual do Partido, que aumentou com as três tentativas de substituir o presidente, rejeitado e incapaz de concorrer à reeleição”, escreveu, em alusão ao atual presidente do PT na Bahia, Éden Valadares, também apadrinhado por Wagner.
Sem citar nomes, Jonas afirma que sofreu uma ofensiva que visava sufocar sua chapa. “E veio o que se esperava na reta final, era preciso aplastar a coragem e a boa performance dele e dela e tirar-lhes toda a luz e visibilidade, e impor-lhes a rendição ou a derrota inexorável, acachapante, a qualquer preço, com a volúpia insana das estruturas de poder”, diz, em trecho do artigo.
Ele cita ainda que o “Diário Oficial” foi usado como ferramenta de ameaça e barganha por votos, além de outras ilegalidades no rito na votação.
“Focaram nos grandes centros, houve de tudo: práticas heterodoxas, vetustas, nada usuais na cultura petista: ameaças, arrogância, demissões, assédios, diário oficial como ‘espada de Dâmocles’ e culminou com a deformação de listas, ônibus de turismo eleitoral, urnas volantes, votos não-partidários, processos na justiça burguesa e até profanação de memórias que já estão em outro plano”, acentuou.
Para Jonas, o episódio não conseguiu apagar o simbolismo da candidatura que representou com Hélène. “Lastimável, apenas para tentar ofuscar o resgate do nosso legado por um velho dirigente idealista que ainda cultiva sonhos libertários ou para interditar a caminhada de projeção de uma jovem mulher dirigente com sensibilidade de raça e de classe que deseja e sonha com um Partido insubmisso”, escreveu.
Ele ainda pondera sobre a intensidade dos ataques, apontando que, passado o PED, “todos estaremos juntos e unidos para reeleger Jerônimo governador e fazer da Bahia o grande bastião para reeleger Lula Presidente e defender a soberania nacional e garantir a Democracia no País!”.
“A razão tem razões que a própria razão desconhece! Efeito bumerangue!”, encerrou.
Política Livre