25 dezembro 2024
Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.
Um tema central do debate acerca do crescimento econômico, nos dias atuais, reside na discussão sobre a produtividade da força de trabalho, considerada pela literatura econômica como uma variável central na explicação dos diferentes níveis de bem estar e prosperidade entre os diversos países. Essa discussão assume particular importância em um contexto da competição globalizada e abertura cada vez mais significativa do mercado nacional para o comércio exterior.
Essa não é uma problemática nova no cenário mundial já tendo sido observada no contexto de expansão de outras economias, como é o caso recente da Inglaterra na primeira metade da década passada. Apesar das baixas taxas de desemprego havia uma grande inquietação em relação à baixa produtividade da mão de obra, quando comparada com outros países similares tidos como seus competidores diretos no mercado internacional; tais como França, Alemanha e EUA, o que colocava em questão a capacidade do país para competir no mercado e de expandir, ou mesmo sustentar, o nível de qualidade de vida alcançado pela sua população.
Ainda que as razões que configuram os níveis de produtividade dos diferentes países constituam um fenômeno complexo existe uma convergência de evidências que apontam na direção de uma importância significativa da inovação gerencial no ambiente de trabalho como sendo um dos principais elementos responsáveis por esse crescimento. É o que se observa, por exemplo, a partir dos estudos que tentam compreender o crescimento da produtividade da economia americana na década de 90 em que a adoção de práticas inovadoras de gestão associada ao crescente foco na inovação, nos programas de envolvimento do trabalhador, nas remunerações por resultados e na gestão da qualidade, são identificados como os principais responsáveis pelo significativo crescimento da produtividade americana nesse período.
Ainda que experiências estrangeiras dificilmente possam ser transplantadas para realidades locais sem uma boa dose de customização, elas podem contribuir para a compreensão da realidade nacional. Por outro lado, a construção de um modelo próprio de inovação gerencial e desenvolvimento não poderá, de forma alguma, prescindir da experiência internacional.
No caso do Brasil, essa discussão tem se apresentado nos últimos anos justamente em função de uma maior presença do país no mercado global e da necessidade de ampliar a competitividade da indústria nacional. O importante desempenho econômico recente apresenta limitações que somente podem ser adequadamente compreendidas quando comparamos nossos indicadores de produtividade com aqueles de países com os quais concorremos diretamente no mercado mundial ou com os de países em patamar semelhante de desenvolvimento. Não é por outro motivo que o governo federal lançou, em meados de 2011, uma nova política de estímulos à indústria, tecnologia e serviços, o programa Brasil Maior, que tem como um dos seus focos centrais a tentativa de aumentar a produtividade da empresa nacional via incentivos à inovação tecnológica e qualificação profissional. Nesta mesma direção, a Confederação Nacional da Indústria lançou sua Mobilização Empresarial pela Inovação. Entretanto, ainda que estas iniciativas sejam extremamente importantes, elas não levam em devida consideração o papel da inovação gerencial no ambiente de trabalho.