25 dezembro 2024
Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.
No dia 27 de Agosto comemora-se o dia do Psicólogo, data estabelecida para marcar a promulgação da lei que regulamentou a profissão em 1962. Com suas raízes históricas firmemente fincadas na Grécia dos clássicos, a Psicologia evoluiu ao longo dos séculos vinculada à Filosofia e à Medicina refletindo a discussão sobre a localização do fenômeno psicológico, se na mente (caracterizando uma propriedade do “espírito”) ou no corpo (uma propriedade da matéria).
Nem a sua emancipação ao final do século XIX trouxe fim a essa debate. Muito pelo contrário, o novo campo do conhecimento incorporou não somente esta discussão como também aquelas que foram emergindo em outras disciplinas como, por exemplo, a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Política, constituindo múltiplas visões e perspectivas sobre o homem e seu comportamento à medida que evoluía. A expressão dessa diversidade pode ser constatada pelo grande número de escolas (de pensamento), teorias e sistemas que hoje fazem parte do nosso arcabouço teórico e profissional. O último levantamento que vi, mostrava que esta conta já passava de quinhentas…
Essa pluralidade conceitual andou de mãos dadas com a multiplicação dos campos de atuação profissional. Hoje o Psicólogo pode ser encontrado em domínios e áreas tão distintas quanto a escola, a organização, o esporte, o sistema judiciário, a saúde, a clinica, o aconselhamento, a neuro(psicologia), a pesquisa….É por estes motivos que se alguém me pedisse para descrever a Psicologia em uma única palavra, PLURALIDADE seria a minha primeira opção.
O dia 27 de Agosto, a cada três anos, também serve para marcar as eleições para os Conselhos Regionais e Federal de Psicologia e este ano teremos eleições. A marca principal do processo eleitoral deste ano é o embate entre duas visões bastante distintas da Psicologia e porque não dizer dois projetos políticos bastante distintos.
Do lado da situação, temos um grupo encastelado há mais de vinte anos no poder e que, articulado nos moldes de um partido político, luta para se perpetuar. Sua atuação tem como uma de suas características principais o pensamento único e a sistemática “deslegitimação” de qualquer forma de atuação que não seja aquela que se coaduna com a sua (extremamente) parcial visão de mundo e da profissão. Ainda que conquistas importantes possam ser creditadas à situação sua atuação descuidou de aspectos e áreas fundamentais para a profissão. Um exemplo bastante claro é o desprezo que este grupo tem pela psicologia clínica (a do “divã”), considerada como pratica elitista.
Já no campo da oposição, temos a aproximação de múltiplas correntes profissionais que tem no respeito à na pluralidade um elemento central do seu discurso e da sua proposta de atuação. A oposição está muito longe de ser um grupo “organizado”, ela é antes de tudo um coletivo plural que se uniu pelo desejo da mudança, pelo respeito à diversidade e pelo fortalecimento da profissão. Sua proposta principal reside na consolidação dos novos espeço conquistados, no diálogo aberto e democrático com os profissionais e as diversas entidades de representação que compõem a categoria e na revalorização dos espaços e das práticas tradicionais em Psicologia.
É pelas razões acima que, no próximo dia 27 de Agosto, dia do(a) Psicólogo(a), eu voto com a oposição à atual gestão do Conselho Federal de Psicologia para FORTALECER A PROFISSÃO!