João Carlos Bacelar

Educação

João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.

Bullying: uma chaga social

Estranheza a pessoas com características diferentes de si mesmo ou dos parentes pode ser o start para os primeiros atos de bullying que muitas vezes acontecem na escola. Especialistas pedem total atenção ao assunto que cresce vertiginosamente entre qualquer contexto social. Antes, os pais não compreendiam que os filhos reproduzem lá fora o que vivenciam em família. Hoje é comum essa discussão. Viver em sociedade exige obediência às regras e limites. Vale salientar que há espaço garantido para o exercício firme da autoridade que não deve ser permissiva a infrações que exponham pessoas ao ridículo, à opressão por palavras ou atos de violência física e/ou psicológica.

A união entre professores, gestores e a aproximação da família podem fazer toda a diferença para solucionar ainda no início os movimentos de crianças e adolescentes contra os colegas. Em casa os pais devem estar alertas, ensinar aos filhos o respeito às diferenças; na escola, por sua vez, os professores devem acionar imediatamente a direção ao perceber os primeiros sinais de bullying, uma palavra inglesa que significa valentão, brigão.

Crianças e adolescentes que passam por humilhações racistas, difamatórias ou separatistas tendem a apresentar doenças psicossomáticas, pois se sentem acuadas. Os traumas podem alterar a personalidade. Por isso o assunto tem conquistado espaço para troca de experiências bem sucedidas dos educadores.

O bullying pode ser o começo da violência pronta a desencadear a delinquência juvenil gratuita que cresce assustadoramente. Mas não é apenas nas grandes cidades e entre meninos e meninas carentes. Nas escolas das redes pública e privada, situadas em áreas urbana e rural e até entre alunos da Educação Infantil, com menos de cinco anos de idade, pode-se observar a prática de atos dessa natureza.

Para pais e professores, levar a sério sinais que podem conduzir à identificação de vítima (baixa autoestima, depressão, desejo de abandonar os estudos sem causa aparente) e agressor (aqueles que se consideram líderes ou mais populares da turma, de fala contundente e de pouca tolerância) significa encurtar o caminho até as soluções conjuntas para reverter a situação.

Uma professora de Aracaju decidiu se aproximar do aluno que identificou como autor de prática do bullying contra os colegas. Procurou ouvi-lo ao invés de julgá-lo e buscou discutir a temática em sala de aula sem citá-lo, também propôs encenações teatrais e produção de cartazes com imagens que denotavam o quanto as vítimas sofriam com isso. O resultado foi que o jovem se aproximou mais da turma e a convivência geral melhorou muito.

Fica a mensagem que se o bullying é uma prática evidente de exclusão, o melhor não é criticar e sim auxiliar alguém especialmente quando é uma pessoa em formação. A atitude da professora pode ser replicada e, quem sabe, muitos estudantes poderão fazer diferente após serem motivados, evitando assim que, mais tarde, essa violência pule os muros da escola, se transforme em algo de difícil reversão e com consequências muito mais sérias.

A escola precisa encarar de frente o problema ensinando o desenvolvimento da civilização humana mostrando autoridade clara para reforçar que democracia não pode jamais abrir espaço para a tirania.

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