João Carlos Bacelar

Educação

João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.

O Pisa e as reflexões

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mantém um indicador para aferir a qualidade da educação dos estudantes de 15 anos de idade. Foram avaliados cerca de 510 mil estudantes de 65 países ou regiões econômicas. Quase 20 mil deles são brasileiros e o resultado revelou que obtivemos uma discretíssima evolução em Matemática. Em compensação, pioramos em Leitura e estagnamos em Ciências. Apesar dos indicadores, nosso ministro da Educação se mostrou exultante. Como, se nos coube o 58º lugar e aumentamos modestos 35 pontos na média geral entre a penúltima aferição e a de 2012 mas ainda estamos 100 pontos abaixo do ideal?

Não é uma constatação pessimista e sim realista, pronta para não deixar que seja desviado o nosso foco que é garantir melhores momentos para a educação brasileira.

Nesses últimos dias – e três anos depois- foi votado, no Senado Federal, o Plano Nacional de Educação que prevê aumento progressivo de investimentos. O texto foi aprovado com base no que pretendia o governo federal. Apesar do avanço de contarmos com leis mais claras precisamos dedicar maior atenção ao segmento capaz de transformar uma nação.

De acordo com o relatório produzido a partir dos números do Pisa (Programa Internacional de Avaliação do Aluno) ficou comprovado que nem sempre inclusão e qualidade andam juntas. Ampliamos o acesso ao ensino superior porém nos últimos anos não demos atenção necessária aos ensinos médio e fundamental, porquanto, não poderíamos esperar resultados diferentes.

Segundo os dados não há motivos para o ufanismo do ministro Mercadante. O relatório segue pontuando que no Brasil apenas 0,8% dos estudantes estão situados em níveis capazes de resolver questões mais complexas.

Resumindo: nossos alunos não dominam a leitura nem a escrita; não aprenderam o mínimo previsto em Matemática, apresentam sérias dificuldades em fazer cálculos e mostram conhecimentos rudimentares em Ciências.

O Pisa diz mais. Segundo a projeção precisaríamos de pelo menos 25 anos para alcançar a média da OCDE, ou seja, ações pontuais não suprem a necessidade urgente do brasileiro.

Entendemos que a prosperidade dos indivíduos, das empresas e das nações dependem diretamente dos investimentos e de uma boa gestão em educação. Mas ainda não acordamos de fato.

Os números apresentados pelo Pisa provocaram reações bem diferentes lá fora. Em países melhor avaliados que o Brasil, como no Chile, por exemplo, as autoridades educacionais pediram desculpas aos estudantes por não terem conseguido melhores resultados. A Finlândia e a Alemanha que perderam a liderança para países e regiões asiáticas (Xangai, Coréia do Sul e Cingapura), convivem agora com acirradas polêmicas. Os governantes temem o futuro por perceber que o desempenho econômico dessas nações está condicionado à capacidade de inovação tecnológica, o que significa, nesse caso, um alto risco para a economia de lá.

Aqui? Bem, por aqui, a alegria (ainda bem que não contagia) é por um irrelevante aumento numérico em uma disciplina avaliada por baixo. Enfim, são essas discrepâncias que regem nosso cotidiano e contaminam negativamente nossa possibilidade de saltar.

Comentários