Adriano Peixoto

Relações de Trabalho

Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.

Qual é a saída?

Eu não sei como começar nem o que dizer na coluna de hoje. A cabeça está girando em ritmo acelerado, acompanhando a montanha russa de fatos, sentimentos e informações que vão se sucedendo de forma vertiginosa, sem que se tenha tempo para digerir e assimilar os últimos acontecimentos que varrem o nosso país.

Quando você pensa que a crise atingiu o fundo do poço e que daquele ponto só resta o caminho da solução, rapidamente descobre que é possível ir ainda mais fundo e cada vez mais rápido. É como se a lama que arrasou Mariana tivesse cobrindo todo o país.

A política contaminou todas as esferas da vida cotidiana. Não é mais possível encontrar um grupo de amigos ou conhecidos sem que o tema da corrupção venha à tona. E o pior de tudo, é preciso estar permanentemente atento para as inclinações e opções políticas dos presentes sob pena de que as conversas, que deveriam ser frívolas e triviais, degringolem rapidamente para a discussão e até mesmo o bate boca. A nossa classe política não merece que percamos um amigo por sua causa. Não merece que laços afetivos que foram cultivados e desenvolvidos pelo compartilhamento de vidas em comum sejam conspurcados pela ingênua defesa do seu corrupto (ou grupo de corruptos) favorito.

Se por um lado, os meios de comunicação digital, as tais redes sociais, levam a informação de forma instantânea cada vez mais longe, por outro lado, FB e o ZapZap de ferramentas de comunicação passaram a ser zona de combate onde as ofensas se multiplicam de forma indistinta e impiedosa.

Um lado perverso de toda essa situação, é que a propaganda transformou informações parciais em verdades jurídicas incontestáveis. Sob o pretexto de defender a democracia, as instituições têm sido sistemática e violentamente atacadas e sua credibilidade corroída. Se o legislativo é vendido, se o judiciário é covarde, se a Polícia Federal e o ministério público foram aparelhados, o que nos resta?

Até quando seremos capazes de conviver com esta situação? Até quando o tecido social será capaz de esticar e acomodar as tensões? Será que nossas instituições serão capazes de dar as respostas que a sociedade precisa e exige? O momento é grave.

Há saída? Com certeza! É preciso manter a pressão sobre o governo e varrer todos os corruptos da vida pública, independentemente do partido. Precisamos acreditar e aprofundar a democracia, e, acima de tudo, precisamos defender as instituições e o Estado de Direito

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