23 novembro 2024
A análise de riscos foi o que mais pesou na decisão da Polícia Federal de apontar a impossibilidade de conduzir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao enterro do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, falecido nesta terça-feira, 29. Possibilidade de protestos pró e contra, atentados e atos políticos que fugissem ao controle das autoridades e colocasse em risco à segurança dos presentes foram elencadas pelo setor de inteligência da PF. Os riscos detectados em levantamento do Diretoria de Inteligência Policial (DIP) para levar Lula ao enterro de Vavá, nesta quarta-feira, 30, em São Bernardo do Campo, foram um dos itens apontados pelo superintendente do Paraná, delegado Luciano Flores de Lima, para comunicar em ofício à Justiça Federal o indeferimento do pedido. A falta de avião ou helicóptero para o translado e ausência de tempo hábil para realizar a remoção com segurança foram outros. O relatório da inteligência da PF levou em consideração as seguintes situações de risco: “1 – Fuga ou resgate do ex-presidente Lula; 2 – Atentado contra a vida do ex-presidente Lula; 3 – Atentados contra agentes públicos; 4 – Comprometimento da ordem pública; 5 – Protestos de simpatizantes e apoiadores do ex-presidente Lula; 6 – Protestos de grupos de pressão contrários ao ex-presidente Lula”. O documento entregue pelo setor de inteligência alertou o comando da PF sobre a necessidade de se considerar “a alta capacidade de mobilização dos apoiadores e grupos de pressão contrários ao ex-presidente”, a “oportunidade para que o evento se transforme em um ato político, promovidos tanto por grupos favoráveis ou contrários, com a participação de um grande número de pessoas”. A mobilização petista quando Lula foi preso em abril de 2018 no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, foi citada ao abordar a possibilidade de “crises imprevisíveis” caso Lula estivesse próximo de “aglomerações”. “É importante que Lula seja mantido a longa distância de aglomerações, já que esse fato pode desencadear crises imprevisíveis, assim como os fatos que ocorreram quando de sua prisão, em abril de 2018”, registra documento interno da PF.
Estadão