23 novembro 2024
Maurício Bacelar é engenheiro civil e foi diretor-geral do Detran (2015). Ele também foi secretário de Obras da Prefeitura de Dias 'Ávila (1986), diretor do Copec (1987) e secretário de Infraestrutura da Prefeitura de Camaçari (2002). Ele escreve uma coluna semanal no Política Livre às segunda-feiras.
- Engenheiro Civil - 1985
- Secretário de Obras da Prefeitura Municipal de Dias D'Ávila - 1986
- Diretor do Copec - Complexo Petroquímico de Camaçari - 1987
- Secretário de Infraestrutura da Prefeitura Municipal de Camaçari - 2002
- Diretor Geral do Detran-Ba - 2015
O ano de 2020 é atípico por diversos motivos, além de todas as mudanças de comportamento impostas pelo avanço do Covid-19, é um ano em que o planeta se une – mesmo que remotamente -, em busca de soluções urgentes para debelar o que tem afetado a humanidade há décadas e de forma reincidente, como a fome, que atinge quase 700 milhões de pessoas e da insegurança alimentar, responsável pelo adoecimento de uma em cada 10 pessoas pelo consumo de alimentos contaminados. De forma assertiva, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) proclamou 2020 como Ano Internacional da Saúde Vegetal, com objetivo s definidos: melhorar a qualidade das culturas alimentares para promoção da saúde humana, aceleração da economia, geração de novos empregos e a conseqüente redução da pobreza.
Um tradicional entrave matemático diz respeito à quantidade de alimentos direcionada à totalidade da população mundial. Equação que não fecha, afinal, enquanto o planeta esgota suas fronteiras agrícolas com iminente risco de escassez de alimentos básicos, os habitantes da Terra se multiplicam de forma exponencial, criando uma demanda desproporcional à adequada nutrição humana. Por isso, em escala global, busca-se o aumento da produção por área de alimentos seguros ao consumo, fazendo-se necessária uma rigorosa vigilância aos métodos de plantio, observância dos prazos para semeadura e colheita, manejo de pragas, to rnando p rimordial a atuação da Defesa Sanitária Vegetal na garantia da sanidade das lavouras.
No cenário mundial, o Brasil vem se destacando como um imenso e fértil celeiro, registrando seguidos recordes na produção agrícola, aumentando, cada vez mais, nossa produtividade. A estimativa do IBGE para 2020 prevê um patamar 4,4% superior à colheita de 2019 com safra esperada de 252 milhões de toneladas de grãos.
Na Bahia, podemos nos orgulhar do memorável salto na escala produtiva. Nos últimos 50 anos, passamos da monocultura do cacau para a policultura, com destaque para a produção de algodão e soja no Oeste, citros e eucalipto no Litoral Norte e Extremo Sul, cocos ao longo do litoral, hortifruti na Chapada Diamantina, frutas no Vale do São Francisco, que apenas no ano passado, exportou mais de 112 mil toneladas de manga e uva. Nós colecionamos posição de destaque, somos o principal produtor nacional de anonáceas – cultura concentrada na região de Irecê, que também responde pelas altas taxas de colheita do feijão. O município do Conde detém a dianteira nacional na produção de cocos. O estado lidera ainda o ranking na produção de bananas, cujos plantios figuram em cada um dos 417 municípios baianos.
E é exatamente nesse ponto que a ADAB – Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia – mantém presença fundamental na melhoria da qualidade dos alimentos, através da implementação de importantes programas fitossanitários e da motivação intrínseca ao perfil de seus agentes quanto ao manejo de pragas, controle e inspeção de cargas vegetais, fiscalização do trânsito de caminhões e maquinários agrícolas com a finalidade de proteger nossas culturas de pragas, evitando que estas sejam introduzidas na Bahia. Um exemplo atual e que ilustra a ação intervencionista e rápida de agrônomos, técnicos e fiscais, passa pelas sementes misteriosas que chegaram, via encomenda dos Correios, na casa de dezenas de baianos, embora não solicitadas.
Ora, caso sejamos alvo de guerras biológicas ou intenções pouco amistosas, as pragas pulverizadas em pacotes distribuídos em várias residências encontrariam vasto campo para disseminação na Bahia. Servidores da agência entraram rapidamente em ação e solicitaram que a população direcionasse aos escritórios da autarquia os pacotes com sementes, que logo foram encaminhados à análise do Laboratório Central do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Plantios livres de pragas asseguram o acesso dos produtos baianos aos mais exigentes mercados no quesito sanidade vegetal, garantindo geração de empregos e renda e contribuindo para elevação do PIB do estado.
Com 21 anos de atuação em prol da Defesa Agropecuária da Bahia, a ADAB proporciona segurança aos consumidores e orientação ao produtor, prestando atendimento qualificado para uma melhor gestão das culturas diversificadas, seja aos pequenos empreendimentos rurais, às cooperativas que reúnem agricultores familiares até produtores que cultivam milhares de hectares.
A ADAB tem procurado, cada vez mais, ampliar sua capacidade de atuação, estendendo a capilaridade nas ações de defesa fitossanitária. Uma das mais recentes conquistas é a utilização de drones na fiscalização de grandes áreas plantadas. As imagens, analisadas em laboratório específico, são capazes de sinalizar pragas importantes, o tamanho da área afetada, algumas espécies de vetores e, em seguida, se o manejo está ocorrendo de forma eficaz, otimizando as intervenções em diversas ações da defesa agropecuária.