23 dezembro 2024
Com a presença de confreiras da Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte vestidas a caráter e figurantes dos embalos da festa de Nossa Senhora D´Ajuda, como Cabeçorras e Mandus, a Fundação Hansen Bahia lança no dia 10 de março, às 19h, na Livraria Leitura do Salvador Shopping, dois livros do sociólogo e jornalista Gustavo Falcón sobre a trajetória mariana desses festejos e sua importância para a identidade cultural da Bahia. Editados pela Solisluna, com capa de Enéas Guerra e design gráfico de Valéria Pergentino e Elaine Quirelli, os livros foram patrocinados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia-IPAC, com apoio da Lei Aldir Blanc e os recursos advindos com a venda das publicações serão revertidos em prol das ações sociais das Irmandades de Nossa Senhora D´Ajuda e de Nossa Senhora da Boa Morte.
Amplamente ilustrados, os livros contam com fotos de Jomar Lima (Nossa Senhora da Boa Morte) e Elias Mascarenhas, George Almeida, José Dayubbe, Kin Guerra, Marcos Santos e Pedro Martins (Nossa Senhora D´Ajuda). As duas festas marianas de Cachoeira, capital religiosa do Recôncavo baiano, são expressões consideradas como patrimônio imaterial da Bahia e amparadas por políticas públicas em razão da sua relevância para a cultura brasileira.
Verdadeiro santuário mariano a céu aberto, Cachoeira, cidade localizada à beira do Rio Paraguaçú, concentra a maior parte das devoções marianas da região, cerca de nove, entre as que estão em pleno funcionamento e as que buscam sua reorganização. “Trata-se de uma viva manifestação sócio-religiosa que mobiliza durante todo o ano a sociedade local, havendo uma Maria para cada gosto: Nossa Senhora do Rosário, padroeira da cidade, Nossa Senhora D´Ajuda, que é cultuada na mais antiga edificação religiosa de Cachoeira, uma singela capela datada do século XVI; Nossa Senhora da Boa Morte, uma instituição ímpar na história das confrarias leigas do Brasil, além de três Nossas Senhoras da Conceição; Do Monte do Alto do Rosarinho e dos Pobres, no bairro do Caquende, Nossa Senhora do Carmo, da Glória, do Amparo, dos Remédios, de Belém, entre outras”, ressalta Gustavo Falcón, a respeito da inserção de Maria na cultura afro-brasileira local.
Os livros resgatam a milenar história de Maria, sua disseminação e popularização pelo mundo, a constituição das irmandades e devoções e sua assimilação pela cultura brasileira. No Recôncavo, cenário inicial desse entrelaçamento entre mitos europeus e cultos locais, o culto a Maria atrai e se fortalece entre os mais simples e dessa união entre várias manifestações da fé, resultam as irmandades e seus ritos, festejos e cultos singulares.
Em Cachoeira, a presença das religiões de matriz africana dialoga com a devoção mariana e o resultado disso é um forte enraizamento popular e vivas manifestações públicas de adoração cujas expressões mais significativas são os ritos públicos, as procissões religiosas e as celebrações mundanas, singulares e atraentes.
“A Festa da Boa Morte, por exemplo, já é, desde a década de 1970, um marco no que se chama de turismo étnico, criando, inclusive, uma diáspora reversa, trazendo, sobretudo, negros norte-americanos para os festejos de agosto na cidade. A Festa D´Ajuda, realizada ao longo do mês de novembro, por sua vez, com o apelo visual e sonoro dos “embalos”, deixou há muito de ser uma festa local, atraindo público de fora, inclusive de outros estados, para uma espécie de carnaval totalmente diferenciado movido a charangas e muita, mas muita mesmo, liberdade de expressão”, observa Gustavo Falcón.
LANÇAMENTO
Livros: Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte e Nossa Senhora D´Ajuda.
Local: Livraria Leitura (Salvador Shopping).
Data: 10 de Março de 2022 (a partir das 19h).