Adriano Peixoto

Relações de Trabalho

Adriano de Lemos Alves Peixoto é PHD, administrador e psicólogo, mestre em Administração pela UFBA e Doutor em Psicologia pelo Instituto de Psicologia do Trabalho da Universidade de Sheffiel (Inglaterra). Atualmente é pesquisador de pós-doutorado associado ao Instituto de Psicologia da UFBA e escreve para o Política Livre às quintas-feiras.

Basta!

A publicação do Mapa da Violência no Brasil foi o grande destaque negativo na imprensa durante esta semana. Como vem acontecendo já há algum tempo, a Bahia desponta como destaque negativo em mais um importante indicador social. O número de mortes no estado, por arma de fogo, triplicou entre 2000 (1.523 casos) e 2010 (4.818 casos)! Uma análise mais cuidadosa mostra que existem três momentos distintos de evolução desses dados. No período de 2000-2001 tivemos uma média de 1.634 mortes por ano. Entre 2002 e 2006 a média salta para 2.318 mortes/ano. Já no período de 2007-2010 alcançamos o patamar de 4.306 mortes/ano.

É interessante observar parece haver uma concordância entre as mudanças nos patamares de homicídios com os mandatos dos governos estaduais, sugerindo a existência de uma relação entre as políticas de segurança pública e violência. Em 2000 a Bahia era o 15º estado mais violento da federação. Em 2010 passamos para a vergonhosa 4ª posição! Um absurdo crescimento ao estilo de rabo de cavalo.

A explicação padrão de nossas autoridades para esta situação apela para o crescimento do tráfico de entorpecentes. Não custa lembrar que até pouco tempo atrás a desigualdade e a pobreza eram a causa principal causa explicativa para esse fenômeno, mas na presente conjuntura política esse motivo não é mais adequado. O problema desse argumento é que ele não explica porque alguns estados apresentam índices bastante expressivos de redução da violência como é o caso de São Paulo (redução de -67,5% no período 2000-2010), Rio (-43,8%), Mato Grosso do Sul (37,9%), Pernambuco (-35%) e Mato Grosso (-33,4).

A gravidade dessa situação salta aos olhos quando voltamos nossa atenção para os municípios baianos. Emplacamos 19 (dezenove) cidades entre as cem mais violentas do país sendo Salvador a 4ª capital onde mais ocorrem homicídios por arma de fogo (em 2000 estávamos na 14ª posição). O Mapa compara as nossas taxas de homicídios não com o de outras cidades, mas com o número de baixas em conflitos armados pelo mundo, tais como o Afeganistão, o Iraque, a Chechênia…
A violência é, sem sombra de dúvidas, uma das maiores ameaças que enfrentamos na construção de um ambiente econômico dinâmico e sustentável. Como atrair um visitante estrangeiro para uma cidade onde a vida não vale nada? Que estímulo tem uma grande empresa para se instalar em nossa cidade expondo seus executivos à insegurança permanente?

A violência nega a cidade aos seus moradores. O medo nos aprisiona em nossas casas, nos afasta do convívio dos nossos concidadãos, amplia a importância dos espaços privados e promove a exclusão! Não podemos nos esquecer de que a violência, em todas as suas formas de manifestação, se constitui em uma grande ameaça a cidadania já que afronta o mais básico dos direitos, o direito à vida! E por fim, mas igualmente importante, a violência conspira contra a legitimidade do estado do de direito já que compromete parte importante do contrato social que legitima a autoridade do governo. Se o estado não nos protege, por que precisamos do governo? Até quando devemos baixar a cabeça e seguir como cordeiros para o abate? Basta de explicações. Precisamos de solução e segurança já!

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