22 novembro 2024
Eduardo Salles é engenheiro agrônomo com mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. Está no seu terceiro mandato de deputado estadual e preside a Comissão de Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, além da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Produtivo. É ex-secretário estadual de Agricultura e ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Agricultura (CONSEAGRI). Foi presidente da Associação de Produtores de Café da Bahia e da Câmara de Comércio Brasil/Portugal. Há 20 anos é diretor da Associação Comercial da Bahia. Ele escreve neste Política Livre mensalmente.
A saída para a crise hídrica passa por investimento na revitalização dos rios e uso consciente da água nas residências, indústrias e agricultura. Sou engenheiro agrônomo, com especialização em irrigação, e tenho defendido em minha vida na iniciativa privada e no setor público o uso consciente do recurso tanto no campo quanto na cidade.
A convite do vice-governador João Leão, participei em Fortaleza da XXII Reunião do Conselho da SUDENE, que tratou da disponibilidade de recursos financeiros para o FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste). A expectativa é que sejam liberados R$ 14,8 bilhões para os setores rural, agroindustrial, industrial, comercial e turismo.
Na reunião, que contou com a presença do ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, ficou acertado que a Casa Civil do governo federal vai adequar os últimos detalhes para a publicação de um decreto que permita a conversão de multas aplicadas pelo IBAMA diretamente a ações de revitalização do rio São Francisco. O objetivo é que recursos na ordem de R$ 350 milhões sejam liberados anualmente.
Na Bahia, os senadores Otto Alencar, Roberto Muniz e Lídice da Matta, a bancada de deputados federal e estadual e tantas outras lideranças políticas, independente de coloração partidária, têm lutado há anos pela revitalização do Velho Chico.
E a notícia chegou em boa hora, pois o Lago de Sobradinho está prestes a chegar ao seu volume morto. O rio São Francisco é a mola propulsora de toda economia de uma região porque permite o abastecimento humano, a pesca, o funcionamento de indústrias, a dessedentação animal e a agricultura irrigada.
Caso nada seja feito a favor do rio São Francisco, provavelmente condenaremos a economia da Bacia do rio São Francisco à morte porque centenas de milhares de empregos serão perdidos.
A outra notícia importante para os agricultores nordestinos e à segurança hídrica da região foi a decisão do Conselho da SUDENE de inclusão da irrigação como obra de infraestrutura.
A medida vai permitir aos produtores nordestinos obterem financiamento para obras de infraestrutura hídrica e aquisição de equipamentos de irrigação com prazo de 20 anos para pagar.
A irrigação é fundamental em diversos municípios da região que são pouco industrializados e possuem comércios incipientes. A produção rural, mesmo em períodos de seca, é quem consegue movimentar a economia.
Oferecer crédito, por meio do FNE Água, aumentando o prazo, vai permitir ao produtor poder irrigar sua propriedade e, sem dúvida nenhuma, gerar empregos nas pequenas, médias e grandes propriedades rurais.
Permitir que o agricultor possa ter acesso a equipamentos mais eficientes de irrigação é uma das pontas para o uso racional da água. Não há como produzir alimento sem água, mas devemos utilizar o recurso de forma racional.
Neste final de novembro, tive o orgulho de assinar a proposta do deputado estadual Zó para a criação da Frente Parlamentar em Defesa do Rio São Francisco, que farei parte com muito orgulho.
Revitalizar o rio São Francisco e permitir que os produtores tenham crédito para investir em equipamentos que utilizem menos quantidade de água são ações fundamentais e notícias animadoras para quem, como eu, acredita que a agricultura pode conviver de forma sustentável como os recursos renováveis.
Parabenizo o incansável vice-governador João Leão e o superintendente da SUDENE, Marcelo das Neves, pela visão estratégica e a condução política hábil que permitiram a aprovação de medidas tão importantes ao meio ambiente e à agricultura da Bahia e do Nordeste.