João Carlos Bacelar

Educação

João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.

Caos do ensino médio baiano

As notas das escolas que participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2012 foram divulgadas essa semana e o que já sabíamos foi comprovado: nenhuma unidade pertencente à rede estadual de ensino da Bahia figura entre as 20 melhores do estado. Observando a lista visualizamos com dificuldade a primeira gerida unicamente pelo governo beirando a 150ª colocação entre as instituições de ensino da Bahia e a 4.493ª quando falamos em ranking nacional. Afinal, quais as causas desse panorama desalentador?

Ausência de capacitação continuada para os docentes, projetos pedagógicos frágeis, paralisações quase intermináveis como a que ocorreu em 2012 e durou mais de 100 dias na Bahia, são fatores considerados fundamentais para o péssimo resultado das escolas da rede estadual baiana.

Por sua vez, escolas bem colocadas Brasil afora divulgam a receita do sucesso que inclui a busca incessante por recursos para trabalhar com tecnologia, planejamento de metas desde o início do ano letivo, desenvolvimento de projetos curriculares inovadores que motivem os jovens, educação em período integral e a proximidade entre professores e alunos.

Sem contar que o empenho da equipe gestora é indispensável para alcançar bons resultados. A partir disso é que os professores em sala de aula e fora dela procuram métodos para enriquecer suas aulas e criar projetos atrativos para alunos cada vez mais críticos e de difícil convencimento.

Ficou claro também que nem sempre as escolas mais caras são garantia de qualidade; no entanto, muitas das que figuram no alto da lista cobram mensalidades entre R$ 2 e R$ 4 mil com docentes ganhando acima dos R$ 10 mil – quase 10 vezes mais que o piso nacional – e a grande maioria do quadro é integrada por profissionais com mestrado. Nessas unidades os professores têm à disposição recursos multimídia com acesso à internet.

Sabemos sim que nos situamos a quilômetros de distância dessa realidade mas podemos, desde já, entender que é urgente a adoção de uma nova política educacional para o ensino médio na rede estadual da Bahia.

Não podemos permitir que jovens baianos de classe baixa sejam lançados à margem da educação de qualidade, absolutamente alijados de um processo que cobra resultados contrários dos apresentados porque é indiscutível que o mercado de trabalho não perdoa os menos capacitados.

Vamos perseguir o foco que acreditamos: se entendemos a exclusão social como fator preponderante para o aumento da violência e das desigualdades precisamos, na outra ponta, investir pesado na educação. Mas com um detalhe indispensável: que esses investimentos não tenham fins eleitoreiros.

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