27 novembro 2024
Mario Augusto de Almeida Neto (Jacó) é técnico em agroecologia. Nascido em Jacobina, aos 17 mudou-se para Irecê, onde fundou e coordenou o Centro de Assessoria do Assuruá (CAA) e a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA). Como deputado estadual (2019-2022), defende as bandeiras do semiárido baiano, agricultura rural e movimentos sociais. Ao assumir a cadeira na Assembleia Legislativa da Bahia, incorporou o "Lula da Silva" ao seu nome, por reconhecer no ex-presidente o maior líder popular do País. Na Alba, é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública e membro titular das Comissões de Saúde, Defesa do Consumidor, Agricultura e Política Rural e Promoção da Igualdade.
Este é o mês da odontologia, outubro é o mês do cirurgião dentista. No dia 3, comemoramos o Dia Mundial do profissional, e, no dia 25, a data do decreto 9.311 de 1884, que institui os primeiros cursos de Odontologia no Brasil. Teríamos muito a comemorar, não fosse o retrocesso que tivemos na área de saúde, em particular na saúde bucal. A redução da presença de dentistas no programa de saúde da família, a continuidade da falta de acesso da população ao tratamento odontológico e a quase ausência de políticas públicas de prevenção e tratamento das doenças da boca, algumas de extrema gravidade e de alta incidência como o câncer bucal, que atinge a população brasileira.
Em que pese tanta reclamação sobre o grande número de faculdades de odontologia e a quantidade de profissionais formados e entregues ao mercado, muitas vezes com pouco exercício profissional nos momentos acadêmicos, este não é um fato que nos incomoda; queremos o povo como doutores da boca, mas desejamos uma distribuição equitativa dos profissionais pelo país, além de um incremento do atendimento de saúde bucal a todos os extratos da população. Necessitamos de profissionais de saúde bucal nas aldeias indígenas, nos quilombos, nos mais distantes distritos e vilarejos. E que não venham com a balela de que isto é caro. Saúde bucal é investimento, um bem inalienável, e que previne um alto número de doenças que certamente custam bem mais ao SUS.
Não vamos deixar de lado o fato de que a política estadual de saúde bucal deixa a desejar, sem uma diretriz estadual precisa sobre o trabalho do estado e dos municípios; é algo que nos incomoda, e motivo pelo qual continuaremos lutando pela instalação da coordenação de saúde bucal na Secretaria Estadual de Saúde, por meio de nossas indicações e nossa força parlamentar junto ao governo estadual, haja vista o desastre por que passa a saúde do governo federal.
Tudo isto é política e se resolve na política; infelizmente, há negação da política enquanto forma de transformação social e benefícios coletivos; muitas vezes a política não e bem vista pela classe odontológica, e não quero criticar o passado, apenas apresentar as prementes necessidades do entendimento de que é pela luta política que iremos suprir as questões mais fundamentais da odontologia.
Realizamos na Assembleia Legislativa da Bahia, junto com o CROBA, em 2019, uma audiência pública que lotou o plenário da casa como nunca visto antes, com a presença de mais de 600 profissionais da área, discutindo a política pública sobre câncer de boca. Acompanhamos junto aos órgãos de classe, governo estadual e municípios o encaminhamento das necessidades do setor, com audiência junto ao secretário de saúde do estado, objetivando a implantação da coordenação de saúde bucal, pauta que está próxima de ser alcançada, haja vista a atenção e o carinho que o nosso governador demonstra com a classe odontológica. Confiamos que ele certamente nos dará este presente antes do fim do seu governo. Isto, queridos dentistas, é política.
Temos uma classe odontológica com maioria dos profissionais mulheres, e preconizamos o empoderamento feminino como pauta sine qua non na mediação dos contratos sociais, estabelecendo diretrizes para a política pública de mulheres.
Somos protagonistas da política de inclusão racial, e queremos uma odontologia com mais negros(as) doutores; enfim, queremos reparação racial neste ramo de extrema importância na saúde dos baianos.
Por fim, vamos olhar para o futuro da classe odontológica, que tem em seu perfil uma grande geração de emprego e renda, um setor altamente produtivo, e aplaudir os 30 mil técnicos em prótese dentária e auxiliares de saúde bucal e técnicos em saúde bucal que trabalham nos consultórios e clínicas públicas e privadas, os cerca de 15 mil trabalhadores dos laboratórios protéticos e os milhares de pequenos negócios gerados para vender insumos e serviços aos dentistas, geradores de uma economia formal e paralela que emprega mais de 100 mil pessoas em nosso estado.
Este conjunto de trabalhadores, dentistas e profissionais técnicos auxiliares que homenageamos neste mês de outubro, e que representam a pujança de um negócio com imenso valor científico, reconhecidamente comprovado em todo o país e no mundo, com sua excelência profissional do mais alto quilate, também é parte importante e fundamental em nosso desenvolvimento econômico.
Os meus parabéns aos doutores não são apenas de um cidadão oriundo da agricultura familiar, mas de um deputado que tem a coragem de pautar a saúde bucal e lutar publicamente em sua defesa; de um mandato que dialoga com a odontologia, e, principalmente, com o povo da Bahia; que sabe o valor desta data e aplaude de pé a existência destes dedicados profissionais.