Karla Borges

Economia

Professora de Direito Tributário, graduada em Administração de Empresas (UFBA) e Direito (FDJ) ,Pós-Graduada em Administração Tributária (UEFS), Direito Tributário, Direito Tributário Municipal (UFBA), Economia Tributária (George Washington University) e Especialista em Cadastro pelo Instituto de Estudios Fiscales de Madrid.

A Hipocrisia nossa de cada dia

Impressiono-me cada dia mais com a hipocrisia presente na nossa sociedade. Vejo tantos comentários de pessoas esclarecidas que encampam a bandeira da moralidade enquanto usufruem de benesses dos segmentos que mais condenam. Acredito que ser coerente é muito difícil, mas demonstrar mediocridade é desastroso. Antes da indignação devemos agir com decência, primando pela dignidade daqueles que nos cercam, até que nos provem o contrário.

Fingir ser o que não se é, eis o lema do nosso tempo.Condenar a atitude de alguém e denunciá-la quando você mesmo pratica ato semelhante é esconder-se por trás de uma cortina de moralidade inexistente. Recusar-se a aplicar a si os mesmos valores que se aplicariam a terceiros faz com que todo hipócrita camufle comportamentos virtuosos, visando ser aceito de forma digna no seu meio, ocultando defeitos através da simulação de ações positivas.

O Papa Francisco alertou recentemente em homilia sobre o perigo de travestir-se de santo, vivendo de maneira hipócrita, clamando, portanto, pela mudança de vida. Alegou que muitos passam por fiéis, mascarando um louvar a Deus, enquanto desprezam as pessoas. Fato que me fez recordar as palavras de Padre Ari na Igreja das Doroteias, pouco antes da Páscoa, quando o mesmo dizia: De que adianta estarem aqui rezando, cultuando os ensinamentos de Jesus se lá fora ao saírem para o mundo as suas atitudes não refletem a bondade, a justiça, o perdão?
O cidadão estaciona nas vagas de deficientes e idosos, utiliza carteiras falsas de estudante, sonega impostos, ao mesmo tempo em que condena o político desonesto e critica os desvios de verba pública. Qual a moral? Indignar-se diante de atos que você mesmo comete em proporções menores é assinar a sua própria sentença moral de morte. De que vale pregar a igualdade entre os povos se não se vê ninguém doando parte da sua fortuna aos pobres?

Tornou-se moda no nosso país admirar idiotas, seja por interesse ou seja por ignorância. O mínimo de coerência no histórico de vida das pessoas pode revelar quem elas são efetivamente, mas parece que a memória do brasileiro é curta e que os perversos convertem-se em bons cordeiros da noite para o dia. Louva-se quem não deveria ser enaltecido, premia-se aquele que mal sabe concatenar as ideias, homenageia-se mortos que deveriam ter sido execrados enquanto vivos.

Esse é o retrato do Brasil: a hipocrisia nossa de cada dia viva dentro de cada um de nós nas mais diversas proporções. Somos sim culpados pelo sistema que aí está, somos sim coniventes com os erros que muitas vezes não apontamos, somos sim responsáveis pelo destino que o nosso país seguiu, sabe por quê? Porque além de humanos, somos eleitores e a mudança está em nossas mãos: cabe exclusivamente a nós! Vamos parar de tanta hipocrisia, cidadãos brasileiros, e ajudar a alavancar esse país com dignidade e honradez!

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