Ernesto Britto Ribeiro

Turismo e Economia criativa

Ernesto é mestre em Administração Estratégica e trabalha com foco em desenvolvimento turístico desde 2001. Foi professor de disciplinas de Planejamento Turístico e Políticas Públicas de Turismo na Faculdade Visconde de Cairu e na Factur. Foi secretário municipal em Itaparica e sub-secretário em Salvador. É sócio da SOBRETURISMO CONSULTORIA, empresa especializada em projetos de desenvolvimento setorial, com inúmeros trabalhos na Bahia e no Piauí, sempre na área de turismo e economia criativa. Ele escreve às sextas-feiras neste Política Livre.

A hora do Recôncavo da Bahia

Depois de tempos esquecido e com a economia enfraquecida, o Recôncavo da Bahia surge como uma das esperanças do turismo baiano, baseado na força de sua economia criativa, que não para de inovar. Quem diria !!! Tantos recursos direcionados para a Costa dos Coqueiros e a do Descobrimento e o velho recôncavo aparece, como a bola da vez do turismo cultural. Se não é a bola da vez, devia ser. Nesse caso o recôncavo tem por sede criativa o município de Cachoeira, tendo sua vizinha São Félix, como companheira nesse caminhar.

A economia criativa é o recorte da economia geral que se baseia em segmentos como a arquitetura, o cinema, a música, o design, as artes plásticas e populares, o artesanato, a moda e outros segmentos que possuem a criatividade humana como insumo mais importante para o seu desenvolvimento. No caso do recôncavo, percebe-se que a economia criativa está baseada no cinema, música, artes plásticas e literatura, sem esquecer o artesanato, a moda, etc, etc.

Quando uma localidade, cidade ou parte dela, se apresenta com tantos predicados para o desenvolvimento da economia criativa, costumamos chamar de território criativo ou cidade criativa. Instituições como o Sebrae, o Instituto Votorantim e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia já percebem Cachoeira e São Félix como um território criativo e sabem que ali dá samba, e é samba de roda.

Nesse tabuleiro da economia criativa de Cachoeira, a UFRB tem papel fundamental. Chegou encontrando resistências, algumas delas ainda presentes na sociedade local, mas sem dúvida ajudou muito o descortinar desse ambiente supercriativo. A UFRB serve como um catalisador, ajudando a desenvolver um ambiente propício ao desenvolvimento desses segmentos, sobretudo o cinema, tema de curso universitário naquela instituição.

Outra coisa que chama a atenção é a quantidade de eventos de alto nível técnico que ali acontecem. Para começar, a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte. Ela acontece em agosto de cada ano e faz parte da história da cidade e da Bahia. É um ícone do estado, tanto cultural como turístico. Está enraizada no imaginário coletivo do povo de Cachoeira e São Félix e faz parte do cotidiano nas falas das mulheres e homens da cidade. Outro bom exemplo de evento é o Cachoeira Doc, festival de cinema documentário que acontece neste mês de setembro, com apresentação de curtas baianos e vindos de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Ceará e outros estados do Brasil, além da França, Camarões, Estados Unidos e outros países. Já a Flica dispensa comentários. É o festival literário de Cachoeira, ocorre em outubro e movimenta a intelectualidade e a economia da cidade. Está colocado entre os mais conhecidos festivais literários do Brasil. Por fim, a Quarta dos Tambores, reunião percussiva que ocorre na primeira quarta feira de cada mês em plena praça pública. Esses e outros eventos estão se tornando uma marca desse Território Criativo.

E o melhor é que o Recôncavo fica pertinho de Salvador apesar do engarrafamento descabido para sair da capital pela BR 324.

E você, caro leitor, já se agendou?

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