João Carlos Bacelar

Educação

João Carlos Bacelar é deputado estadual pelo PTN , membro da Executiva Nacional e presidente do Conselho Político do partido. Foi secretário municipal da Educação de Salvador e vereador da capital baiana. Escreve uma coluna semanal neste Política Livre aos domingos.

A imprescindível prática na sala de aula

A evolução das práticas e dos materiais didáticos aliada ao comprometimento do professor com a formação do aluno se tornam imprescindíveis para uma aprendizagem eficiente. A análise é da pesquisadora francesa Anne-Marie Chartier que tem larga experiência na investigação da rotina empregada no ensino da leitura e da escrita.

Chartier integra o Instituto Nacional de Pesquisa Pedagógica, em Paris, onde tem se elevado cada vez mais a formação do professor para fazer frente aos desafios diários da educação. Com base no resultado desses  estudos ela afirma que as anotações feitas por um docente durante o trabalho, quando analisadas sistematicamente, são fundamentais para o replanejamento constante das aulas.

É evidente que a análise apenas ganha sentido se houver conhecimento científico sobre a Pedagogia. Anne-Marie defende que o educador precisa saber relacionar a base teórica ao seu dia a dia para alcançar bons resultados escolares.

A interação com os pares e os saberes de ação – aqueles que resultam da prática constante do ensinar – são estratégias eficientes ainda hoje, apontou a pesquisadora. No entanto, ela chama atenção para a importância dos docentes dominarem o conteúdo. Com o conhecimento apreendido os professores poderão realizar uma análise da própria ação.

A combinação dessas duas vertentes – prática e científica – além do compartilhamento com outros profissionais da área vão possibilitar o surgimento de um exército de bons professores, que sabem ensinar e, ao mesmo tempo, estimular a leitura e a escrita.

Escrever sobre o que considera importante em sua prática em sala de aula, ao final de cada semana, ou de cada mês, é uma tarefa a mais em sua prática, no entanto, poderá proporcionar muitos benefícios. Ao se expressar, o professor se torna consciente de sua evolução.

A auto-análise é, muitas vezes, uma forma do docente olhar para trás e perceber hábitos já inseridos à sua rotina de forma inconsciente. Na vida cotidiana da classe são produzidas muitas anotações que, se capitalizadas adequadamente, se transformam em suporte eficaz para a memória e o replanejamento.

O computador pode colaborar na organização desses arquivos colhidos após a análise do boletim dos alunos, dos registros individuais, das impressões diárias sobre a progressão da classe, de fotos e textos expostos na sala. Quando analisadas com cuidado, essas escritas revelam muito do aluno. O que aprenderam e o que ainda precisam aprender. A pesquisadora encoraja os professores a fazerem disso uma prática e a não dispensar nenhum material que possa ajudá-los a se fazer entender melhor, a levar maior conhecimento e atratividade às suas aulas.

Enfim, a prática bem trabalhada e vivida com disposição pelos professores é, em qualquer canto do mundo, um dos mais eficazes ingredientes para a melhoria do aprendizado, para elevação do saber e para ampliação do prazer de ensinar.

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